Propósito de vida é descrito por Carol D. Ryff, professora e pesquisadora do Instituto de Envelhecimento e Psicologia, Universidade de Wisconsin-Madison, Estados Unidos, como um dos principais domínios do bem-estar psicológico, porque se refere ao sentimento de que a vida tem direção e que as metas são alcançáveis, seja a curto, médio ou longo prazo.
Além disso, o propósito de vida está relacionado a uma visão mais positiva da vida, à percepção de crescimento pessoal, felicidade, satisfação, autoestima, motivação para viver e realização das atividades cotidianas.
Nesse contexto, buscar um sentido para a vida desempenha um papel importantíssimo na orientação em relação às metas de vida e à tomada de decisões.
Assim, ter um motivo para acordar todos os dias, seja para realizar exercícios físicos, praticar atividades de lazer, cuidar ou acompanhar alguém, exercer uma atividade voluntária, dentre outras ações, podem ser metas que fortalecem o propósito de vida para o idoso.
Portanto, o propósito de vida para o idoso é uma variável que liga o envelhecimento e os desfechos positivos, bem-estar e qualidade de vida.
Visto que se refere a necessidade de encontrar um sentido para a sua própria existência, mesmo na presença de patologias presentes no envelhecimento (Santos et al., 2019; Ribeiro, Neri & Yassuda, 2018).
Benefícios e a importância do propósito de vida para o idoso
Você sabia que ter um propósito de vida pode melhorar a sua saúde no geral? É o que Santos e colaboradores (2019) relatam em seu estudo, em que foram incluídos uma amostra de 109 idosos com média de idade de 79 anos.
Na pesquisa, testou-se a associação entre as variáveis sociodemográficas (sexo, idade, escolaridade), número de doenças e mobilidade mediadas pelo propósito de vida.
Os resultados se mostraram promissores, pois houve melhoras significativas na manutenção em atividades sociais com interação face-a-face, participação social, mobilidade e propósito de vida.
Ainda assim, a pesquisa demonstrou que ter um propósito de vida amplia as possibilidades de manutenção das atividades sociais mesmo em idades mais avançadas.
Na velhice, especialmente, segundo Santos e colaboradores (2019), os benefícios dos propósitos de vida incluem fatores biopsicossociais. Do ponto de vista biológico, pode-se destacar a melhora do sistema imunológico e aumento da reserva cognitiva.
Além disso, uma pessoa que se propõe a realizar atividades físicas como um fator proposital em sua vida, pode reduzir os riscos de doenças cardiovasculares, depressão e, consequentemente, aumentar sua expectativa de vida com estilos de vida ativo e saudável orientados pelo propósito de vida.
Do ponto de vista cognitivo, foi encontrado evidências de associações com risco reduzido do desenvolvimento da Doença de Alzheimer, comprometimento cognitivo leve, melhora do bem-estar psicológico e também é considerado uma fonte de resiliência para eventos adversos e estressantes.
Em relação ao âmbito social, podemos ressaltar o acréscimo do otimismo, autoestima, satisfação com a vida e formas de estratégias de enfrentamento mais eficazes.
Nesse sentido, a importância de se ter um propósito de vida advém de ter uma maior participação e engajamento social, direcionados ao alcance de objetivos e metas que podem impactar positivamente no comportamento e influenciar em suas decisões diárias.
Agora que você sabe sobre a importância do propósito de vida , apresentamos algumas dicas que podem ajudá-lo(a) a melhorar e/ou criar o seu propósito de vida:
- Reflita sobre os seus próprios valores, paixões e objetivos;
- Trace novas metas e descreva como se sentiria ao atingir tais metas;
- Pense no que você realmente ama fazer e faria todos os dias de sua vida;
- Realize atividades que melhoram o seu bem-estar e cognição;
- Pratique atividades voluntárias, de lazer e físicas, descrevendo em um diário ou caderno o que sentiu ao realizá-las.
Por fim, esperamos que com a leitura deste texto você reflita e perceba que o propósito de vida para o idoso pode potencializar a promoção de comportamento e qualidade de vida que nos garantirá um envelhecimento bem-sucedido e significativo.
Assinam este artigo:
Cássia Elisa Rossetto Verga
Estudante de Graduação do curso de bacharelado em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Atualmente faz estágio na área de pesquisa em treino cognitivo de longa duração pelo Instituto SUPERA – Ginástica para o Cérebro. Tem interesse na área de treino e estimulação cognitiva para idosos, com enfoque em neurologia cognitiva. É membro da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Já foi bolsista PUB da Universidade Aberta à Terceira Idade da EACH-USP, atual USP60 + nas oficinas de música e letramento digital. Participou como assessora de Projetos e Recursos Humanos na Empresa Geronto Júnior entre os anos de 2019 a 2020.
Graciela Akina Ishibashi
Estudante de Graduação do curso de bacharelado em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Realizou estágio no Centro Dia Bom Me Care entre os anos de 2019 a 2020. Atualmente faz estágio na área de pesquisa em treino cognitivo de longa duração pelo Instituto SUPERA – Ginástica para o Cérebro. Tem interesse na área de estimulação cognitiva com jogos. Já foi voluntária na Universidade Aberta à Terceira Idade da EACH-USP, atual USP60 + nas oficinas de origami, dança sênior e letramento digital.
Tiago Nascimento Ordonez
Gerontólogo pela Universidade de São Paulo (USP), especialista em Estatística Aplicada pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) e Pós-graduando do MBA em Data Science e Analytics pela USP. Exerceu a função de Gerontólogo na Prefeitura de São Caetano do Sul entre os anos de 2014 a 2016. E esteve como coordenador do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFVI) da Prefeitura de Diadema entre 2017 e 2020. Atualmente é membro do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo (GETC) da USP.
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva
Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É assessora científica e consultora do Método Supera.