Há quase 5 décadas, no dia 8 de março celebra-se o Dia Internacional da Mulher, data oficializada pela Organização das Nações Unidas em 1975. Essa data representa, além de homenagens à mulher, um momento importante para reflexões sobre a equidade de gênero, reconhecimento de direitos e combate de discriminações e violências contra mulheres. Mas será que a data contempla reflexões acerca de todas as mulheres?
Ao longo do ciclo vital, da infância à velhice, mulheres enfrentam uma série de desafios, inseguranças e discriminações. Ao mesmo tempo, muitas dessas mulheres são as principais responsáveis por ações de suporte, cuidado e sustento de familiares e comunidades. Quando nos referimos às mulheres idosas, é importante compreender que as características, pensamentos, atitudes e comportamentos foram moldados a partir de diversas experiências pautadas, em sua maioria, em distintos contextos históricos, sociais e culturais.
A importância do protagonismo da pessoa idosa
É fato que muitas mulheres com idade superior a 60 anos, têm em sua história, inúmeras contribuições, sejam no micro, como nas relações familiares, ou no macro, assumindo papéis importantes de liderança fora do núcleo familiar. Apesar disso, muitas vezes o retrato da mulher idosa se resume a características, decorrentes do processo de envelhecimento biológico, que é maximizado ou camuflado com a oferta de produtos e intervenções antienvelhecimento.
Isso se reflete desde representações midiáticas, nas quais, quando mulheres idosas são inseridas, são destacados estereótipos comumente ligados à aparência, até produções científicas, que muitas vezes analisam apenas declínios, sejam eles hormonais, cognitivos ou funcionais.
Também são encontrados diferentes materiais que descrevem contextos de vulnerabilidade e violências enfrentadas por essas pessoas. Sem dúvidas, essas temáticas são de suma importância e merecem ser pesquisadas e divulgadas, assim como ações devem ser tomadas para propiciar segurança, saúde e bem-estar para essas mulheres. Entretanto, por que não abordar também, questões relacionadas ao protagonismo de mulheres acima dos 60 anos? Convidamos o leitor a pensar em conteúdos recentes acerca do assunto. Ficaremos surpresas se houver uma rápida recordação.
O Dia Internacional da Mulher e a pessoa idosa
Nesse sentido, é importante compreender os motivos dessa ausência de destaque a mulheres idosas para além de temáticas de violências, processos patológicos ou saúde. É essencial promover o protagonismo e a participação ativa das mulheres idosas em todos os aspectos da vida social, econômica e política. Isso inclui garantir o acesso a oportunidades de educação, trabalho, saúde, lazer e participação cívica, bem como combater estereótipos e preconceitos relacionados à idade e ao gênero.
Além disso, é fundamental que políticas públicas e programas sociais considerem as necessidades específicas das mulheres idosas, garantindo o seu bem-estar e a sua dignidade. Neste Dia Internacional da Mulher, devemos reafirmar o nosso compromisso com a promoção da igualdade de gênero e o respeito aos direitos das mulheres, em todas as fases da vida, incluindo a fase da velhice.
Assinam este artigo:
Profa. Msc.Gabriela dos Santos
Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Gerontologia pela Universidade de São Paulo (USP), Graduada em Gerontologia pela USP, com Extensão pela Universidad Estatal Del Valle de Toluca. Assessora científica.
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva
Docente do curso de Bacharelado e Mestrado em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É assessora científica e consultora do Método Supera.