À medida que as sociedades modernas observam um aumento significativo na idade média da maternidade, é essencial compreender os efeitos desse fenômeno na saúde cognitiva das mulheres. A investigação do desempenho de memória em mulheres grávidas em idade materna avançada é fundamental para compreender as nuances da cognição durante essa fase importante da vida. Estudos, como o realizado por Clark et al. (2018), destacam a complexidade adicional que a idade avançada pode trazer para a interação entre gravidez e cognição, considerando as alterações cognitivas associadas ao envelhecimento, ressaltando a importância de examinar não apenas os efeitos da gravidez, mas também as influências da idade no funcionamento da memória.
Durante a gestação e o período pós-parto, todas as mulheres podem enfrentar desafios específicos relacionados à memória, como observado em estudos anteriores, como o de Glynn (2012). Os lapsos de memória frequentemente relatados durante a gravidez podem ser exacerbados em mulheres mais velhas devido às mudanças cognitivas decorrentes do envelhecimento. Essas dificuldades podem ser ainda mais acentuadas durante o período pós-parto, quando as mulheres enfrentam não apenas as demandas físicas da gravidez, mas também as adaptações emocionais e sociais à maternidade.
Além disso, a experiência da gravidez e o estado de atenção durante esse período desempenham uma importância na memória das mulheres grávidas mais velhas. Pesquisas, como o estudo conduzido por Parsons et al. (2017), sugerem que o conhecimento específico do contexto pode aprimorar a memória para informações relevantes para a gravidez e a maternidade.
Ao mesmo tempo, um estado de atenção mais aguçado pode facilitar a aprendizagem e a retenção de informações importantes para a parentalidade (Callaghan et. al., 2022). Essas descobertas ressaltam a necessidade de uma análise holística ao investigar a memória durante a gravidez em mulheres mais velhas, considerando as intrincadas relações entre idade, experiência e estado emocional. Compreender esses aspectos é fundamental para oferecer um suporte adequado durante essa fase da vida, promovendo uma experiência de gravidez e maternidade mais enriquecedora para mulheres em diferentes estágios da maturidade adulta.
Além disso, é uma possibilidade que mulheres possam ter um estilo de vida saudável e manter os cuidados com a saúde do cérebro, por meio de uma alimentação balanceada, boa qualidade do sono, e a prática de atividades físicas e exercícios de estimulação cognitiva. Sempre é tempo de começar!
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva
Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do curso de Bacharelado e do Programa de Mestrado em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo, parceria científica do Instituto Supera de Educação.
Maria Antônia Antunes de Souza
Graduanda em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Foi bolsista de iniciação científica PUB do projeto intervenções psicoeducativas para a COVID-19 aliada à estimulação cognitiva no programa USP 60 + e atualmente é membro do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da USP (GETCUSP).