A Gerontecnologia é uma entre as muitas ramificações que acompanham o processo de envelhecimento. Entendemos a tecnologia como qualquer dispositivo eletrônico, serviço digital ou sistema digital que foi projetado e desenvolvido para atender a funções específicas. Embora essas tecnologias possam beneficiar as pessoas idosas em suas atividades cotidianas, as competências para o respectivo uso e todos os aspectos a elas relacionados, como: acesso, aceitação, interesse, necessidade, entre outros, devem ser levados em consideração.
Além disso, pessoas com diferentes níveis de experiência em tecnologia podem ter diversas experiências de aprendizagem (LIU & JOINES, 2020).
O que é a Gerontecnologia?
A gerontecnologia pode ser definida como um campo de conhecimento que integra a gerontologia e a tecnologia, objetivando estender a valorização e a reaproximação social com a construção de vínculos, ao exercício de uma nova cidadania e à construção das conceções do envelhecimento. Além disso, a área de estudos em gerontecnologia tem se inovado cada vez mais, propondo recursos para melhoria da saúde, comunicação, moradia, mobilidade, trabalho e lazer da pessoa idosa.
No estudo de Liu e Jones (2020), os pesquisadores partem da premissa de que os usuários têm uma melhor compreensão das tecnologias digitais e formas mais eficientes de aprendizado. Assim, esse estudo objetivou analisar as diferentes estratégias de aprendizagem das tecnologias digitais para pessoas idosas, considerando os aspectos ligados às tecnologias, as potenciais barreiras, os métodos para superá-las, bem como as diferentes necessidades entre idosos com experiências tecnológicas variadas.
O estudo contou com 40 participantes, categorizados em quatro níveis de experiência em tecnologia com base em suas pontuações no Perfil de Experiência em Tecnologia. Os principais resultados da análise temática mostraram que, em comparação com os idosos com nível mais alto de experiência em tecnologia, aqueles com nível mais baixo tiveram menos atitudes positivas e mais obstáculos para aprender novas tecnologias (LIU & JOINES, 2020).
Ao final do estudo, os pesquisadores concluíram que os idosos com diferentes níveis de experiência em tecnologia preferiram métodos de aprendizagem diferentes e encontraram, em certa medida, diferentes barreiras de aprendizagem. Dessa forma, como campo de conhecimento, a gerontecnologia se volta para a importância de pensar a design de tecnologia e de ambiente, assim como os diferentes aspectos que perpassam o usuário idoso em seu processo de adaptação à sociedade digital (LIU & JOINES, 2020).
Em conclusão, aprender com e através das tecnologias da informação e comunicação oferece a pessoa idosa uma oportunidade para a redescoberta das suas potencialidades, para a promoção da auto realização e da autoestima, para a criação de expectativas positivas para um futuro com melhor qualidade de vida e para a integração social como cidadão ativo. Nesse sentido, a gerontecnologia também visa a criação de ambientes funcionais e significativos para o envelhecimento, que vai além da alteração do ambiente físico, mas que requer atenção aos aspectos psicossociais e culturais dos lugares e espaços (FANG, 2021).
Assinam este artigo:
Cássia Elisa Rossetto Verga
Estudante de Graduação do curso de bacharelado em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Atualmente faz estágio na área de pesquisa em treino cognitivo de longa duração pelo Instituto SUPERA – Ginástica para o Cérebro. É membro da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Já foi bolsista PUB da Universidade Aberta à Terceira Idade da EACH-USP, atual USP60 + nas oficinas de música e letramento digital. Participou como assessora de Projetos e Recursos Humanos na Empresa Geronto Júnior entre os anos de 2019 a 2020.
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva
Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É assessora científica e consultora do Método Supera.