SUPERA – Ginástica para o Cérebro

Como programas para idosos impactam na cognição e humor

Programas para idosos atuam diretamente em uma vida mais longeva e feliz.     

O prolongamento da vida exige redefinição das relações sociais, como lugares de expressão dos discursos, participação, inclusão, assim como espaços possíveis de se exercer a cultura da longevidade. A participação de pessoas idosas em grupos de apoio, programas diversificados (Universidades Abertas à Terceira Idade, Centro de Convivência etc), pode contribuir para as funções cognitivas, longevidade, possibilitando trocas de experiências, socialização e noção de pertencimento.

            É o que diz a pesquisa de Yassuda e Silva (2010), em que objetivaram investigar se a participação em programas para idosos gera benefícios para a cognição, humor e satisfação com a vida. Foram entrevistados 29 idosos que haviam se inscrito em atividades sociais e lúdicas oferecidas em quatro centros de convivência em Ermelino Matarazzo, São Paulo. Dos participantes, 70% eram do gênero feminino e 30%, do masculino.

Programas para idosos e o processo cognitivo            

Os procedimentos do estudo foram os seguintes: foram aplicados testes de rastreio cognitivo e escalas que avaliam o humor e a satisfação com a vida referenciada aos domínios saúde, bem-estar físico, engajamento social e saúde mental, instrumentos já validados para a população brasileira.

            Em relação aos achados, o presente estudo compreendeu uma tentativa de mapear os benefícios cognitivos e associados ao humor e à satisfação com a vida em idosos que se afiliam a centros de convivência e programas da terceira idade.

Os dados apresentados sugerem que a participação nas atividades oferecidas pelos programas propiciou alteração no desempenho cognitivo e maior satisfação em relação ao envolvimento social. Houve aumento estatisticamente significativo no pós-teste para a tarefa de memória episódica e ganhos marginalmente significativos para o desempenho no teste de fluência verbal e para a satisfação com a vida referenciada ao domínio do envolvimento social.

            Em um estudo inovador de Scolari e colaboradores (2020) onde objetivaram analisar as repercussões ocorridas na vida de pessoas idosas a partir do ingresso em um centro de convivência e os desafios existentes na ótica dos participantes e seus familiares, constatou-se que os idosos experienciam repercussões positivas em suas vidas após o ingresso na instituição, com a possibilidade de aprender novas habilidades, mudar atitudes e comportamentos, prevenir o desenvolvimento de condições crônicas e suas complicações, melhorar o desempenho cognitivo e funcional bem como aumentar o bem-estar. Todos esses benefícios refletem no relacionamento social e familiar entre os envolvidos.

            Em conclusão, pensar a velhice torna-se cada vez mais necessário, uma vez que o país envelhece, como apontam os estudos mencionados acima. Pensar em políticas públicas que abranjam programas para a terceira idade e a realização de pesquisas em relação aos impactos na cognição, humor e qualidade de vida na inclusão dos mesmos.

            Com isso, as representações sociais que circulam no nosso meio social em relação ao processo de envelhecimento e a velhice vem se modificando e muitas são associadas à alegria, atividade física, bem-estar, tempo livre, entre outras.


Assinam este artigo:

Cássia Elisa Rossetto Verga

Estudante de Graduação do curso de bacharelado em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Atualmente faz estágio na área de pesquisa em treino cognitivo de longa duração pelo Instituto SUPERA – Ginástica para o Cérebro. É membro da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Já foi bolsista PUB da Universidade Aberta à Terceira Idade da EACH-USP, atual USP 60 + nas oficinas de música e letramento digital. Participou como assessora de Projetos e Recursos Humanos na Empresa Geronto Júnior entre os anos de 2019 a 2020.

Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva

Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É assessora científica e consultora do Método Supera.

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