SUPERA – Ginástica para o Cérebro

Como o sono afeta o cérebro ?

            O bom sono é aquele que nos proporciona descanso. Mas você sabe como o sono afeta o cérebro?

            A princípio, dormir bem é importante para a manutenção da qualidade de vida de qualquer pessoa. Assim como a insônia ou noites mal dormidas prejudicam as atividades do dia a dia e atrapalham a memória, podendo agravar quadros de depressão. Dessa forma, às vezes um problema de sono pode ser decorrente de algum problema de saúde, medicamento ou uso de alimentos excitantes, como chá, café e refrigerantes a base de cola.

            Dormir é um hábito comum, mas de extrema importância para a vida humana. O sono saudável é essencial para a regulação do corpo, portanto, alterações em sua regularidade são determinantes.

            No Jornal da USP, o professor de Neurologia e Medicina do Sono, Álan Eckeli, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, analisa o papel do sono para o funcionamento do corpo humano: “O sono é essencial para a vida, ele é tão essencial para a vida quanto a alimentação. Se nós dormirmos mal, vamos adoecer e, se nós pararmos de dormir e interrompermos esse fenômeno natural, vamos falecer. Isso demonstra a importância vital do sono para a manutenção da vida” destaca o especialista.

Assim, a diminuição da qualidade do sono leva a consequências na saúde física e mental dos idosos, levando ao aparecimento e agravamento de doenças, afetando processos cerebrais e orgânicos, acarretando ao déficit na fixação da memória, na estabilidade psicoafetiva, na termorregulação corporal, na conservação e restauração do metabolismo energético cerebral, leva a predisposição a diabetes, hipertensão, doença coronária, obesidade, depressão, ansiedade, insônia e risco aumentado para morte, destacam ALVES e colegas em 2020.

O que dizem os estudos?

Ainda no estudo de João (2022) escrita para o Jornal da Universidade de São Paulo, ele reverbera os apontamentos do Docente Eckleli, em que ele cita: “Durante o sono, as substâncias que atrapalham o funcionamento do cérebro são descartadas. A substância neurotóxica beta-amiloide, que está associada ao Alzheimer:

“Quando o líquido cefalorraquidiano penetra dentro do cérebro e faz essa limpeza, ele retira a beta-amiloide. Então, uma das funções do sono é promover essa limpeza cerebral, que está relacionada ao melhor metabolismo, à melhor homeostase dos neurônios, das células e de toda a estrutura do nosso sistema nervoso central” .

Como o sono afeta o cérebro

Mas afinal: Como o sono afeta o cérebro? A pesquisa de Ma e colaboradores (2020) demonstra as evidências sobre as relações entre a qualidade do sono e comprometimento cognitivo limitadas e inconsistentes.

Além disso, os autores objetivaram examinar a associação da qualidade do sono com comprometimento da memória e má função cognitiva em uma amostra de pessoas idosas chineses.

Foram incluídos 15.246 indivíduos com mais de 50 anos no Estudo de Coorte de Guangzhou Biobank, que participaram do segundo exame físico de 2008 a 2012.

A princípio, a qualidade do sono foi avaliada usando o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI, em inglês), e o desempenho cognitivo foi avaliada usando-se o Delayed Word Recall Test (DWRT) e o Miniexame do Estado Mental (MEEM). Enquanto o déficit de memória foi definido pelo escore DWRT<4 e a função cognitiva ruim pelo escore MEEM <25.

Após o ajuste para possíveis fatores de confusão, a menor eficiência do sono habitual foi associada a um maior risco de comprometimento da memória e má função cognitiva com um padrão de dose-resposta. Nesse sentido, não foi encontrada associação do escore global do PSQI com comprometimento da memória ou má função cognitiva.

Assim, MA e seus colegas, concluíram que a menor eficiência do sono habitual foi associada a um maior risco de comprometimento da memória e pior função cognitiva.

Dessa forma, para entender como o sono afeta o cérebro precisamos refletir que dormir de forma irregular é prejudicial em diversos aspectos para a saúde humana. A curto prazo, dormir pouco, uma, duas, três horas por noite vai trazer sintomas relacionados à sonolência, cansaço, fadiga, mau humor e redução da nossa capacidade de empatia. Essa redução aguda de sono também pode aumentar o apetite, porque altera alguns hormônios relacionados à fome e à saciedade.

Como o sono afeta o cérebro: entenda

Outro problema é o aumento das chances de causar acidentes, dormir pouco compromete os estímulos e respostas psicomotoras, assim como pode afetar a memória, por vários motivos, como conta Eckeli: “Quando dormimos mal, ficamos desatentos e, se não prestamos atenção, não aprendemos. O sono é essencial para a consolidação da memória, porque se você estiver se expondo pouco ao sono o processo de consolidação da memória não vai ser tão efetivo (JOÃO, 2022).

Tendo em vista a importância do sono para a saúde do cérebro, listamos algumas dicas para uma boa higiene do sono:

            Espera-se que as dicas sejam elucidativas para se ter uma melhor qualidade de vida, integrando os aspectos biopsicossociais de cada um.


Assinam este artigo:

Cássia Elisa Rossetto Verga

Estudante de Graduação do curso de bacharelado em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Atualmente faz estágio na área de pesquisa em treino cognitivo de longa duração pelo Instituto SUPERA – Ginástica para o Cérebro. Tem interesse na área de treino e estimulação cognitiva para idosos, com enfoque em neurologia cognitiva. É membro da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Já foi bolsista PUB da Universidade Aberta à Terceira Idade da EACH-USP, atual USP60 + nas oficinas de música e letramento digital. Participou como assessora de Projetos e Recursos Humanos na Empresa Geronto Júnior entre os anos de 2019 a 2020.

Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva

Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É assessora científica e consultora do Método Supera.

Sair da versão mobile