SUPERA – Ginástica para o Cérebro

Como o resgate de memórias interfere na qualidade de vida

À medida que envelhecemos, somos naturalmente conduzidos a olhar toda a nossa trajetória e refletir sobre os momentos que moldaram nossas vidas. Essa reflexão pode ser mais do que apenas uma jornada pela memória; pode ser uma poderosa ferramenta terapêutica para promover o bem-estar e a qualidade de vida na velhice. Neste contexto, a terapia de reminiscência e a revisão de vida se destacam como abordagens eficazes para alcançar esses objetivos.

A terapia de reminiscência é um processo que envolve resgatar memórias significativas do passado e explorá-las com um propósito terapêutico. Ao recordar eventos, pessoas e experiências marcantes, as pessoas idosas têm a oportunidade de fortalecer sua identidade, promover a autoaceitação e enfrentar desafios emocionais. Essa prática oferece um espaço para a expressão emocional, além de estimular a interação social e o compartilhamento de experiências, promovendo uma sensação de pertencimento e conexão com os outros (Pinquart et al., 2012).

Resgate de memórias

Por sua vez, a revisão de vida vai além da simples recordação de eventos do passado, envolvendo uma análise mais abrangente e avaliativa dos principais acontecimentos autobiográficos ao longo do ciclo de vida. Nessa abordagem, os indivíduos são convidados a examinar suas experiências de vida de forma mais profunda, identificando padrões, lições aprendidas e áreas de crescimento (Pinquart et al., 2012). Ao integrar essas experiências em uma narrativa coerente e significativa, eles podem encontrar um novo sentido de propósito e significado para sua trajetória.

Ao buscar por resgate de memórias, é importante ressaltar que essas intervenções não se limitam apenas a recordar o passado, pois possuem o potencial de gerar mudanças positivas no presente. Estudos da literatura têm demonstrado que a terapia de reminiscência e a revisão de vida estão associadas a uma série de benefícios, incluindo a redução da sintomatologia depressiva, o aumento da autoestima, o fortalecimento das relações sociais e o aumento do bem-estar emocional e psicológico dos idosos (Lopes et al., 2014).

Além disso, essas abordagens terapêuticas podem ajudar as pessoas idosas a enfrentarem os desafios que podem surgir ao longo do ciclo de vida com mais resiliência e adaptabilidade. Ao explorar suas experiências passadas, eles podem desenvolver uma maior capacidade de lidar com as mudanças e transições da vida, encontrando conforto e orientação nas lições aprendidas ao longo do tempo.

Quando pensamos em resgate de memórias. de fato, essas terapias se destacam como recursos preciosos para melhorar o conforto e a qualidade de vida dos idosos. Ao oferecer um espaço seguro para explorar o passado e encontrar significado em suas experiências, essas intervenções podem ajudá-los a viver uma vida mais plena, gratificante e significativa.

Assinam este artigo

Maria Antônia Antunes de Souza

Bacharel em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Foi bolsista de iniciação científica PUB do projeto: “Intervenções psicoeducativas para a COVID-19 aliada à estimulação cognitiva no programa USP 60 +”. Atualmente é colaboradora do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da USP (GETCUSP), atuando na área de pesquisa em treino cognitivo de longa duração.

Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva

Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do curso de Bacharelado e do Programa de Mestrado em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo, coordenadora do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade de São Paulo, parceria científica do Instituto Supera de Educação.

Sair da versão mobile