Será que você já ouviu falar das Blue Zones?
O termo não científico é recente e dado as regiões geográficas onde habitam pessoas com idades muito mais elevadas em comparação ao resto do mundo.
E teve origem em um estudo demográfico realizado pelos pesquisadores Gianni Pes e Michel Poulain publicado no Jornal Experimental Gerontology que identificava a província de Sardenha na Itália como a região com maior concentração de homens centenários.
A princípio, o termo Blue zones foi visto pela primeira vez em um artigo de novembro de 2005 da revista National Geographic intitulado “The Secrets of a Long Life” pelo autor Dan Buettner. Desde então, é utilizado para além das 5 áreas citadas pelo autor no livro para outras regiões que possuem alta concentração de pessoas longevas, vivendo com uma excelente qualidade de vida sendo possível destacar uma alimentação equilibrada, bom convívio social, senso de propósito de vida e bons valores culturais como características dessas populações.
Os segredos da longevidade nas ´Blue Zones´
Essa qualidade de vida supracitada das regiões de Blue Zones, infelizmente não é vista no Brasil apesar de ser um país em processo de inversão da sua pirâmide etária.
Dados da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, mostram que aproximadamente 30,1% de idosos longevos brasileiros, tem uma limitação na realização de atividades de vida diária (AVD).
Além disso, o país enfrenta regiões de extrema pobreza e falta de uma agenda pública.
De acordo com pesquisadores como Minayo e Firmo, faltam serviços sociais e de saúde, que apoiem as famílias e envolvam o poder público, Organizações não-governamentais para a proteção da indivíduo de acordo com a gravidade de sua saúde.
Tudo isso é muito importante para que haja uma maior longevidade em um país e com uma melhoria da sua qualidade de vida.
As 5 áreas citadas pelos autores conhecidas como Blue Zones são: a província de Nuoro, localizada na Sardenha (Itália), a província de Okinawa (Japão), A cidade de Nicoya na Costa Rica, Ilha de Ikaria localizada na Grécia e Loma Linda situada nos Estados Unidos. Vamos conhecer um pouco sobre a longevidade de cada região citada?
Blue zones – onde ficam?
Província de Nuoro, em Sardenha na Itália
Nesta província os sardos possuem um estilo de vida muito saudável e tradicional pois possuem seus vínculos sociais muito estáveis com suas famílias e amigos ao longo da vida.
Além disso, caçam, pescam e colhem a própria alimentação.
Bem como a maioria da sua população também atinge os 100 anos de idade e somente ⅓ da sua população desenvolve demências, sendo um vilarejo conhecido por ter a maior concentração de homens centenários do planeta.
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Envelhecendo bem na Província de Okinawa no Japão
É um conjunto de ilhas japonesas conhecido pelo baixíssimo índice de problemas cognitivos em idosos e onde as mulheres vivem por mais tempo. Além disso, tem uma grande população centenária e transcender a ideia de tempo de vida.
Cidade de Nicoya na Costa Rica
A península é conhecida por ter uma expectativa de vida 7 vezes maior que a do Japão, que é um país conhecido pela maior longevidade do mundo. Além disso, tem uma taxa de mortalidade de meia idade muito baixa e é o segundo lugar com maior concentração de homens centenários do mundo.
Ilha de Ikaria na Grécia
O que garante o selo de Blue Zone dessa região é ter uma população livre de doenças crônicas e cerca de 30% da população ultrapassar os 90 anos de idade.
Loma Linda (Estados Unidos)
É a população estadunidense que vive 10 anos a mais que as outras regiões do país, tendo uma saúde melhor impactada positivamente pela espiritualidade e fé da alta concentração de grupos religiosos da região.
A seguir descrevemos algumas orientações, do relatório de envelhecimento saudável da Organização Mundial de Saúde (2015), para a promoção da qualidade de vida e uma maior longevidade:
- Ter uma vida socialmente ativa, evitando o isolamento e a falta de comunicação com outras pessoas;
- Realizar exercícios que promovam a saúde do cérebro, por meio de exercícios de ginástica para o cérebro;
- Prevenir ou controlar as doenças crônicas, chamadas de não transmissíveis, que são o diabetes, a hipertensão arterial e o colesterol elevado;
- Diminuir os fatores de risco do ambiente, para os eventos de quedas;
- Evitar o tabagismo e o alcoolismo;
- Buscar realizar atividades culturais, intelectuais que possam preencher a rotina, evitando assim que tenhamos uma rotina ociosa;
- Manter as vacinações em dia;
- Ter uma alimentação saudável, rica em nutrientes e vitaminas;
- Realizar atividades físicas regularmente e com acompanhamento profissional;
- Prevenir e acompanhar aspectos relacionados à visão e à audição.
- Ter uma boa qualidade do sono.
Confira alguns documentários disponíveis e de acesso público, para entender mais sobre a relação qualidade de vida, longevidade e envelhecimento saudável.
Palestra NatGeo The blues zones of happiness com Dan Buettner.
Documentário do fotógrafo José Jeuland sobre centenários em Okinawa, Japão:
Para saber mais, ver Okinawa Research Center for Longevity Science
Sobretudo, a responsabilidade por se alcançar uma boa qualidade de vida, também está associada ao acesso às políticas públicas sociais e de saúde existentes em cada nação, para garantir fatores que possibilitem uma boa qualidade de vida para os seus cidadãos. Contudo, ao termos condições de ter uma boa qualidade de vida, estaremos com a possibilidade de envelhecer acima de tudo com a saúde preservada.
Assinam esse artigo:
Karen de Souza Jardim- graduanda em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). E bolsista de iniciação científica PUB do projeto intervenções psicoeducativas para a COVID-19 aliada à estimulação cognitiva no programa USP 60 +.
Taina Costa Nonato – graduanda em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). E bolsista de iniciação científica PUB do projeto intervenções psicoeducativas para a COVID-19 aliada à estimulação cognitiva no programa USP 60 +.
Profa. Dra. Thais Bento Lima da Silva– Docente do Curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (GNCC-FMUSP).
Coordenadora do Curso de Pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo e da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG).