Autonomia e independência na velhice. Você sabe qual é a diferença entre autonomia e independência e como esses conceitos impactam nossa vida à medida que envelhecemos?
Sabemos que o envelhecimento é um processo gradual e contínuo, que traz alterações naturais em cada fase da vida, nos aspectos biológicos, psicológicos e sociais. Esse fator nos leva a refletir sobre o cenário mundial atual, onde já temos 761 milhões de pessoas idosas e até 2050 esse número irá dobrar, chegando a mais de 1 bilhão de pessoas.
Pensando nisso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) desenvolve políticas públicas voltadas ao cuidado e atenção ao idoso, entre elas o “Envelhecimento ativo: uma política de saúde”, referindo-se a otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas. Entretanto, ela enfatiza que ser ativo não se trata apenas de estar em movimento fisicamente ou força de trabalho. Isso também significa estar envolvido em assuntos sociais, econômicos, culturais e cívicos. Mesmo após a aposentadoria ou diante de desafios de saúde, as pessoas idosas ainda podem contribuir de forma significativa para suas famílias, amigos e comunidades.
O fortalecimento da autonomia e independência da população com 60 anos ou mais é um dos princípios centrais da política de “Envelhecimento Ativo”. Segundo a OMS, a autonomia é definida como “a habilidade de controlar, lidar e tomar decisões pessoais sobre como se deve viver diariamente, de acordo com suas próprias regras e preferências”, abrangendo os aspectos físicos, mentais e espirituais (NERI, 2014). Já a independência é entendida como “a habilidade de executar funções relacionadas à vida diária, ou seja, a capacidade de viver independentemente na comunidade com alguma ou nenhuma ajuda”.
À medida que envelhecemos, principalmente na velhice, a autonomia e independência desempenham papéis fundamentais em nossa vida. Elas promovem um senso de pertencimento, realização pessoal, preservando nossa liberdade e autoestima, o que beneficia diretamente nosso bem-estar. Um estudo realizado por Gomes e colegas em 2021, mostrou que fatores como estado de saúde, qualidade de vida, relações familiares e interpessoais podem influenciar positivamente ou negativamente a autonomia das pessoas idosas.
Nesse sentido, sugerimos algumas estratégias que podem auxiliar na manutenção da autonomia e independência na velhice e em outras fases da vida:
- Praticar atividades físicas regulares: está associada a uma série de benefícios, incluindo melhoria da saúde mental, física e cardiovascular, fortalecimento muscular, aumento da flexibilidade e prevenção de condições crônicas.
- Estimulação Cognitiva: ajuda a preservar e promover a saúde cognitiva, prevenindo o declínio cognitivo e reduzindo o risco de demências.
- Alimentação saudável: uma dieta equilibrada é fundamental para manter a saúde e a vitalidade na velhice.
- Manutenção das relações sociais: manter uma rede de apoio social é importante para o bem-estar emocional e a saúde mental. O envolvimento em atividades sociais também está associado a uma maior satisfação.
- Prevenção de acidentes: a prevenção de quedas e acidentes é uma prioridade, especialmente considerando que quedas podem ter consequências graves e resultar na dependência física. Implementar medidas de segurança em casa, como iluminação adequada, retirar tapetes, evitar subir em bancos, entre outros. Além de fornecer orientações sobre precauções, isso pode contribuir para a segurança e a independência.
- Realizar exames preventivos e de rotina: é importante para o acompanhamento da saúde e prevenção de possíveis complicações.
- Incentivar atividades culturais: a participação em cursos, workshops, visitas a museus e atividades artísticas proporciona estímulos psicológicos positivos.
Lembre-se, qualquer atividade que te proporcione bem-estar e conforto é bem-vinda, vamos juntos construir uma velhice autônoma, plena e saudável.
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva
Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É assessora científica e consultora do Método Supera.
Sabrina Aparecida da Silva
Graduanda do curso de Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Estagiária na área de pesquisa em treino cognitivo pelo instituto SUPERA- Ginástica para o Cérebro. Atua como monitora da oficina “Mentes Ativas” de estimulação cognitiva da USP60+.