Autora deste artigo, Hérica Ribeiro é graduada em Letras e professora do SUPERA Uberlândia
Não é raro ouvirmos queixas das pessoas sobre suas rotinas, geralmente tão engessadas. Às vezes, por questões práticas, outras por necessidade e, ainda por comodismo. Quando fazemos as mesmas coisas com frequência, é comum ligarmos o piloto automático, pois conhecemos a atividade, o que a envolve e como deve ser realizada.
Quando você sai de casa para ir ao trabalho ou à escola, você precisa parar e pensar que caminho vai seguir? Quais ruas você terá que passar? Provavelmente, não. Isso porque você já está acostumado a fazer este trajeto e o seu cérebro já o conhece. Portanto, não exige reflexão, nem atenção, apenas piloto automático.
Pensando nisso, avalie o seu dia-a-dia. Quantas vezes você aperta o botão do piloto automático? Muitas? Então, por várias horas o seu cérebro não precisa se esforçar, não é estimulado.
2014
Por que precisamos estimular o cérebro?
As pesquisas da Neurociência comprovam que o cérebro estimulado pode aumentar e melhorar as conexões dos neurônios. Isto é, podemos potencializar as capacidades do nosso cérebro. Quem nunca pensou em ter uma memória melhor ou ter um poder de concentração maior?
A boa notícia que os neurocientistas nos trazem é que o nosso cérebro pode se modificar e potencializar suas capacidades ao longo de toda a vida, por meio de estímulos. Assim, a rotina faz com que o cérebro fique em standby, ligado, mas em descanso, economizando energia.
Para cultivarmos a saúde mental precisamos manter o cérebro ativo, melhorando, assim, as sinapses (conexões entre os neurônios), possibilitando o aprimoramento de inteligências e habilidades como, por exemplo: agilidade de raciocínio, concentração, memória, bem como aguçando as percepções visuais, táteis, auditivas…
Pensando na importância de manter nosso cérebro ativo, surge outra questão: Como estimulá-lo?
Dentre as várias possibilidades, destacamos uma significativa: a neuróbica, isto é, a aeróbica dos neurônios. Esse tipo de exercício visa tornar o cérebro mais ágil e flexível, no sentido de ampliar as possibilidades na busca de novos caminhos para a realização das ações cotidianas.
Assim como as demais modalidades de ginástica para o cérebro, as neuróbicas envolvem desde exercícios simples, que podem ser baseados em situações diárias, até os desafios mais complexos, que proporcionam situações não prováveis em nosso dia a dia.
No Supera as neuróbicas são trabalhadas de forma intencional e sistematizada, com foco nas habilidades que serão desenvolvidas em cada tarefa. Inserida nos roteiros de aula, a aeróbica dos neurônios tem papel fundamental no desenvolvimento cognitivo dos alunos, além de contribuir com a qualidade de vida e a saúde mental.
As neuróbicas, no Supera, são realizadas em diversos momentos da aula. Aqui, exemplifico com a nossa principal ferramenta, o ábaco. Em uma de nossas aulas, os alunos utilizaram luva plástica na mão direita durante a realização do ábaco, situação esta que provocou certo desconforto exigindo uma adaptação que assegurasse qualidade na execução da tarefa, sem que os mesmos perdessem o foco e a concentração. Para isso, o cérebro precisou “trabalhar” de outra maneira, ou seja, estabeleceu conexões diferenciadas, reorganizando-se.
Como vemos, é preciso investirmos realmente em ações geradoras de saúde mental, desligando o piloto automático para que o nosso cérebro saia do standby e faça juz de todo o seu potencial.