Aplicativos digitais têm se mostrado como ferramentas eficazes para auxiliar na saúde mental, especialmente entre as pessoas idosas. Com o aumento da população idosa, é essencial desenvolver soluções que contribuam para o bem-estar psicossocial e melhorem a qualidade de vida. Esses aplicativos surgem como recursos acessíveis e eficazes no suporte ao tratamento de condições como depressão e ansiedade.
Estima-se que cerca de 13% da população entre os 60 e 64 anos de idade enfrentam desafios relacionados à depressão (IBGE, 2019). Existem aplicativos direcionados à saúde mental que oferecem intervenções embasadas em evidências, disponíveis a qualquer momento e em qualquer lugar, proporcionando um cuidado contínuo e personalizado.
Estudos têm destacado os benefícios desses aplicativos na promoção da saúde mental das pessoas idosas. Por exemplo, Arean et al. (2016) investigaram o impacto de três aplicativos móveis autoguiados para depressão nos Estados Unidos, englobando 626 adultos com depressão leve a moderada recrutados online. Apesar das variações na adesão, os participantes que utilizaram os aplicativos ativos experimentaram resultados diferenciados, especialmente aqueles com sintomas mais graves de depressão. Notavelmente, os aplicativos de treinamento cognitivo e resolução de problemas demonstraram uma eficácia superior em melhorar o humor. Esses achados destacam a promessa dos aplicativos móveis na promoção da saúde mental, principalmente para aqueles enfrentando sintomas moderados de depressão.
Além disso, aplicativos voltados ao treinamento cognitivo, como jogos de memória e quebra-cabeças, têm demonstrado estimular a mente e melhorar as funções cognitivas na velhice (Klimova, 2016), colaborando com a redução de alterações cognitivas associadas ao envelhecimento.
Para que esses sejam eficazes na promoção da saúde mental das pessoas idosas, é fundamental projetá-los considerando suas necessidades e capacidades. Um design intuitivo, com interfaces simples e navegação facilitada, é essencial. A personalização das funções do aplicativo, como ajustes no tamanho da fonte e opções de áudio, pode aumentar a acessibilidade e a aceitação entre os usuários mais velhos.
Esses aplicativos representam ferramentas poderosas na promoção do bem-estar psicossocial entre as pessoas idosas, oferecendo uma abordagem acessível e eficaz no tratamento de condições como depressão e ansiedade, além de estimular cognitivamente. No entanto, é essencial que sejam desenvolvidos com foco nas necessidades específicas dessa população, garantindo que sejam intuitivos e acessíveis.
Com o uso adequado, eles podem contribuir significativamente para melhorar a qualidade de vida da população idosa, promovendo saúde mental e bem-estar. A adoção dessas tecnologias no cuidado não apenas representa um avanço na gerontologia, mas também reflete nosso compromisso com um envelhecimento saudável e ativo. Integrar a tecnologia digital na vida cotidiana das pessoas idosas é um passo importante na construção de um futuro em que a longevidade seja acompanhada de qualidade de vida e dignidade.
Uma empresa francesa (HAPPYneuron, Inc.) em parceria com o SUPERA Online, de São José dos Campos (SP, Brasil), oferece uma plataforma web de treinamento cognitivo. O programa consiste em jogos e exercícios desenvolvidos para estimular diversas funções cognitivas, incluindo memória, atenção, linguagem, funções executivas (raciocínio, pensamento lógico) e habilidades visuais e espaciais.
A plataforma SUPERA Online oferece treinamento para todas as faixas etárias, incluindo adultos e pessoas idosas. Cada usuário recebe um login e senha para acesso ilimitado via computadores ou dispositivos móveis (notebooks, tablets e celulares). Em 2016, a plataforma foi adaptada e validada para adultos brasileiros, mostrando melhorias no desempenho cognitivo e humor dos participantes.
Composta por 20 modalidades de jogos agrupados em blocos que treinam habilidades específicas como memória, atenção, raciocínio lógico, habilidades visuoespaciais e linguagem, a metodologia de aprendizado ocorre de forma sistematizada, com acompanhamento individualizado por um instrutor virtual. Os usuários podem avançar para etapas mais difíceis conforme progridem.
Estudos internacionais e a validação no Brasil demonstraram resultados significativos na melhoria do desempenho cognitivo e da qualidade de vida dos participantes. A plataforma Supera Online é uma ferramenta eficaz para o desenvolvimento e a manutenção das funções cognitivas. Para mais informações, acesse: http://www.superaonline.com.br
Referências:
AREAN, Patricia A. et al. The use and effectiveness of mobile apps for depression: results from a fully remote clinical trial. Journal of medical Internet research, v. 18, n. 12, p. e330, 2016. Acesso em: 29 mai. 2024.
KLIMOVA, Blanka. Computer-based cognitive training in aging. Frontiers in aging neuroscience, v. 8, p. 313, 2016. Acesso em: 29 mai. 2024.
VIVIANI, Cristiane Benedita Rodrigues da Mota Antunes et al. Subjective impacts of computerized cognitive training for healthy older adults in the context of the COVID-19 pandemic. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, 2023.
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva
Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do curso de Bacharelado e do Programa de Mestrado em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo, parceria científica do Instituto Supera de Educação.
Maria Antônia Antunes de Souza
Graduanda em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Foi bolsista de iniciação científica PUB do projeto intervenções psicoeducativas para a COVID-19 aliada à estimulação cognitiva no programa USP 60 + e atualmente é membro do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da USP (GETCUSP).
Sabrina Aparecida da Silva
Graduanda do bacharel em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Monitora da oficina “Mentes Ativas” da USP60+. Atua na área de pesquisa em treino cognitivo de longa duração e é membro do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da USP (GETCUSP).