Você sabe o que é letramento digital? Aqui vamos abordar a sua importância e o que seria essa nomenclatura. No ano de 2020, ocorreram importantes transformações em decorrência da pandemia, o mundo se modificava para se adaptar ao distanciamento social. Nesse sentido, uma dessas modificações foi a transição do presencial para o mundo virtual.
Entretanto, sabemos que a maior parte dos que estavam inseridos no mundo digital eram os adolescentes e os jovens adultos. Por isso, alguns idosos tiveram que se adaptar a essa nova mudança repentina e não tiveram oportunidade para a aprendizagem do mundo digital, ou seja, alfabetização digital.
Segundo Doll, Machado e Cachioni (2017), não é somente oferecer oficinas para aprendizagem digital com qualidade, mas considerar o letramento digital como forma de compreensão da ferramenta, ou seja, o domínio do dispositivo. Muitos indivíduos confundem alfabetização e letramento digital, entretanto os dois termos têm significados diferentes, a alfabetização refere-se ao início do contato com o universo digital (DOLL, MACHADO e CACHIONI, 2017).
O uso de ferramentas tecnológicas que permitem o acesso à internet, como computadores, tablets e aparelhos celulares, é uma das estratégias efetivas que favorecem a promoção do envelhecimento ativo. Conforme descrito pelo Centro Internacional de Longevidade-Brasil (2015), a ausência de oportunidades de acesso a tecnologias pode intensificar a vulnerabilidade das pessoas, gerando prejuízos para a saúde e reduzindo a interação social.
Quando abordamos a temática do letramento digital, é possível afirmar que determinados grupos experienciam a exclusão do mundo digital e tecnológico, muitas vezes pela falta de oportunidade de acesso. Embora pesquisas científicas e políticas públicas estejam cada vez mais presentes nesse meio, pessoas idosas ainda fazem parte de um dos grupos mais digitalmente excluídos, principalmente por não receberem alfabetização e letramento digital.
Apesar disso, pesquisas demonstram que o domínio de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) tem sido cada vez mais presentes no cotidiano de idosos de diferentes perfis. Em um estudo publicado em 2020, por exemplo, pesquisadores da África do Sul, investigaram a relação de idosos independentes, residentes de moradias compartilhadas com as tecnologias digitais. Os resultados mostraram que 243 dos 264 idosos entrevistados possuíam acesso e uso de celular. Entre os motivos do uso do aparelho, destaca-se a possibilidade de receber e efetuar chamadas telefônicas e acessar à internet.
Muitas vezes os idosos institucionalizados possuem pouco contato com pessoas e acontecimentos exteriores à instituição, o que pode desencadear ou elevar sintomas de depressão e ansiedade, por exemplo. Nesse sentido, é possível verificar que o contato com meios digitais pode atuar de modo positivo nas variáveis psicológicas dos idosos. O uso de aparelhos tecnológicos como tablets e celulares, também favorece a independência de pessoas idosas que podem se comunicar com amigos e familiares, acessarem notícias e assuntos de interesse, administrar a conta bancária, realizar compras conforme a vontade e a necessidade e praticar atividades que promovam saúde física, mental e cognitiva.
São variados os benefícios para os aspectos biopsicossociais dos idosos que acessam e dominam as tecnologias digitais. Durante a pandemia, foram encontrados em grupos que passaram a utilizar aparelhos com rede de internet, redução da sensação de solidão provocada pelo distanciamento social, promoção da autonomia e quebra de estereótipos relacionados à impossibilidade de idosos serem inseridos no meio digital. Também foi constatado que pessoas digitalmente conectadas, durante a pandemia, puderam praticar atividade física, participarem de atividades socioculturais e receberem informações educativas sobre cuidados em saúde.
São identificadas, portanto, diferentes vantagens para o público idoso a partir da inclusão digital. Através de sites e aplicativos, pessoas idosas podem, por exemplo, acessar plataformas de atividades de estimulação cognitiva, como as que são disponibilizadas pelo Supera Online. Dessa forma, investir no letramento digital de pessoas que residem em instituições e facilitar o acesso a TICs, eleva o bem-estar, reduz as variáveis de vulnerabilidade e estimula a manutenção e preservação das variáveis de saúde.
Assinam esse artigo
Ana Paula Bagli Moreira: Gerontóloga pela Universidade de São Paulo (USP), com extensão pela Universidad Estatal Del Valle de Toluca – México. Assessora científica do projeto de pesquisa de validação do Método SUPERA e pós-graduada em Neurociência na Educação (UNISA).
Gabriela dos Santos: Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Gerontologia pela Universidade de São Paulo (USP), Graduada em Gerontologia pela USP, com Extensão pela Universidad Estatal Del Valle de Toluca. Assessora científica da pesquisa de validação do Método Supera.
Profª Drª Thais Bento Lima da Silva: Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. Diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). É assessora científica e consultora do Método Supera.
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