SUPERA – Ginástica para o Cérebro

A importância da valorização dos avós

No dia 26 de julho comemora-se, no Brasil, o dia dos avós. A origem da data remonta à tradição católica: trata-se de uma homenagem aos avós de Jesus, São Joaquim e Santa Ana, pais de Maria. Entretanto, embora no catolicismo a veneração a eles seja antiga, é possível notar que não há sequer registros de sua história nos livros canônicos que compõem a Bíblia, o livro sagrado do cristianismo, como explicou à BBC o teólogo e filósofo Fernando Altemeyer Júnior, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

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No contexto da relação dos avós, é comum ouvirmos pessoas associarem o marco de se tornarem avós ao fato de estarem velhas. Com isso, o idadismo – preconceito relacionado à idade, que pode gerar discriminação – é replicado, por vezes, pela própria pessoa, a qual demonstra medo de adentrar à fase da velhice. Infelizmente, muitos mitos e estereótipos sobre o envelhecimento e o “ser velho” já estão arraigados em nossa sociedade, fazendo com que consideremos a velhice como um ônus.

Um ponto importante a ser considerado na discussão desta temática consiste no fato de que muitos adultos – com menos de 60 anos – por terem filhos quando ainda muito jovens, estão se tornando avós antes de chegarem à velhice. Ou seja, o imaginário de “avós idosos, de cabelos brancos, pele enrugada e cadeira de balanço” precisa ser desconstruído. Isto porque devemos entender o envelhecimento como um processo individual e heterogêneo e que, portanto, não é vivenciado da mesma forma por todos.

Além disso, se há pessoas que estão se tornando avós cada vez mais cedo, o número de anos vividos nesta função também irá crescer, em razão do aumento da expectativa de vida. Portanto, é necessário que, ao assumirmos o papel de avó/avó, façamos uma avaliação quanto à forma como nos percebemos nesta função e quanto ao significado que atribuímos a tal papel em nossas vidas, visto que estas percepções influenciarão na qualidade das relações estabelecidas com nossos familiares.

Um outro aspecto a ser discutido é que os termos “velho” e “avô/avó” não são sinônimos. Logo, nem todo idoso será avô de alguém. Caso você opte por não ter filhos, não assumirá esse papel social quando velho, e pode se sentir desconfortável ao ser abordado como tal. Portanto, evite reproduzir este estereótipo.

Precisamos, também, reconhecer a  importância  que  os  avós  têm  na  transmissão  de conhecimentos às próximas gerações: é necessário favorecer a intergeracionalidade, visto que o ganho será mútuo entre as partes envolvidas. Considerando-se a rotina de trabalho dos pais modernos, muitos avós acabam se tornando cuidadores de seus netos, o que pode favorecer a aproximação entre ambos. Para além disso, os avós constituem uma significativa rede de apoio para seus familiares, proporcionando-lhes  suporte  emocional, instrumental e financeiro.

De qualquer forma, sejam eles avós ou não, precisamos aprender a ver os idosos como pessoas em constante desenvolvimento e de grande importância na sociedade. Pois, com as palavras de Betty Friedan ‘o envelhecimento não é “juventude perdida”, mas uma nova etapa de oportunidade e força’.

Assinam este artigo:

Manuela Lina da Silva

Gerontóloga pela Universidade de São Paulo (USP), com realização de intercâmbio de Graduação pelo Programa de Mobilidade Acadêmica em Gerontologia da Escola Superior de Saúde (ESSa) do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) – Portugal. Exerceu estágio-voluntário na Santa Casa de Misericórdia de Bragança – Portugal e foi bolsista no Projeto Bairro Amigo do Idoso – Brás/Mooca (SP).

Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva

Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É assessora científica e consultora do Método Supera.

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