SUPERA – Ginástica para o Cérebro

A estimulação cognitiva como estratégia de autocuidado para a qualidade de vida do cuidador

Você já parou para pensar que cuidadores de idosos também necessitam de cuidados? Com a sobrecarga física e emocional, e o acúmulo de estresse decorrentes do cuidado, os cuidadores de pessoas idosas apresentam um fator de risco aumentado para a presença de sintomas depressivos, dos sintomas de ansiedade e de um maior prejuízo cognitivo, do que comparado a indivíduos que não exercem a tarefa do cuidado.

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            Ao pensarmos no período disponível, em que os cuidadores de idosos dedicam o seu autocuidado, observamos que de acordo com os estudos científicos, este tempo é bastante restrito, pois a prioridade da sua rotina envolve cumprir tarefas como as relacionadas ao cuidado e às atividades domésticas, consequentemente o seu bem-estar geral acaba não sendo uma prioridade para si.

De acordo com um estudo realizado por Jesus e colaboradores em 2018, com o processo de cuidado chamado de informal, muitas vezes ocorrem as restrições da vida pessoal, pois o cuidador não tem pausa das suas tarefas diárias, o que pode ocasionar danos à sua vida social e profissional.

Entretanto, mesmo cuidando de um ente querido, todos os cuidadores devem olhar para o seu processo de envelhecimento e perceber que algumas atividades de autocuidado são importantes para a promoção da sua qualidade de vida.

Tendo em vista, que o processo de cuidar é uma ocupação, e função importantes e que há um desdobramento da pessoa para compreender e executar as tarefas de modo satisfatório. Além disso, para envelhecer com autonomia e independência, e saúde.

Dar qualidade aos anos de vida tem se tornado um tema de discussão recorrente já que a longevidade é uma realidade conquistada.

A necessidade de um novo comportamento frente à vida e a forma em que se relaciona com ela, enraizando a cultura de cuidados com a saúde geral, dos estímulos cognitivas e da relação com a prática de atividade física desde as fases iniciais do curso de vida, poderá garantir um envelhecimento saudável e ativo.

A estimulação cognitiva pode ajudar tanto os cuidadores como os pacientes, pois alguns comportamentos podem mudar ao decorrer do tratamento. Sabemos que a maior parte dos cuidadores familiares são pessoas idosas ou estão chegando na fase da velhice.

A estimulação cognitiva neste contexto atuará como uma intervenção de promoção de saúde, pois favorecerá que um bom processo de aprendizagem aconteça; consequentemente haverá melhora na autoestima, melhores comportamentos funcionais, como planejamento, gerenciamento de tempo e organização de tarefas a serem cumpridas.

            Pensando nisso, a estimulação cognitiva pode ser uma estratégia do autocuidado para o cuidador. O cuidador pode ter doenças incapacitantes devido a sobrecarga e com isso, podemos até pensar no declínio cognitivo que a longo prazo pode evoluir para um quadro demencial.

Dicas de atividades cognitivas que o cuidador de idosos pode inserir na sua rotina:

1.         Datas e dias atuais:

Pergunte a si mesmo que dia é hoje, tente lembrar-se sozinho, posteriormente consulte o calendário e anote em um caderno a data em que estamos. Estimular o cérebro com esta orientação é muito importante para evitar esquecimentos que envolvam datas específicas, como aniversários de amigos e familiares, pagamento de contas, compra de algum item para a casa, etc…

2.         Escrita:

Tenha um caderno onde possa escrever seus sentimentos,  poesias, contos e pequenas histórias. Depois mostre seus textos para alguma pessoa próxima ou para amigos, se assim desejar. Outra atividade interessante para a escrita é poder ter um caderno de gratidão, escrevendo uma vez por dia algo a que você seja muito grato, por ter acontecido ou por estar acontecendo em sua vida e na de seus familiares. Além de ser uma atividade intelectual, auxilia o cérebro a reforçar emoções positivas, diminuindo a presença de sintomas depressivos e de ansiedade.

3.        Leitura:

Aproveite para ver em suas prateleiras, gavetas, se há algum livro que você ganhou ou comprou que ainda não tenha lido. Pegue este livro, explore os capítulos, grifando as ideias principais, faça perguntas nos capítulos, responda estas perguntas, de modo a fixar melhor as informações lidas e assim poder ir avançando aos próximos capítulos de modo significativo.

4.         Jogos de atenção:

Faça exercícios com jogos de atenção, como caça -palavras, jogo dos sete erros, sudoku, e treino com o uso do ábaco. Os jogos de atenção são muito importantes para o bom desempenho de memória. Pois a primeira etapa da memória recente é a atenção.

5.         Jogos virtuais:

Procure realizar desafios virtuais, disponíveis em plataformas da internet, com atividades que treinem habilidades como raciocínio, linguagem, resolução de problemas. Uma dica de plataforma é o método SUPERA online, com atividades gratuitas neste período de quarentena.

6. Organização ambiental:

Aproveite este período para organizar o seu ambiente, arrumar os seus documentos, organizar fotografias, arrumar o guarda-roupa. Um ambiente organizado também auxilia o cérebro a lembra-se onde estão guardados determinados objetos para quando você precisar.

7. Assistir a filmes:

Aproveite para assistir a filmes que o incentivem a refletir sobre a vida e os momentos de superação. Uma dica de filme é Um senhor estagiário, dirigido por Nancy Meyers, e lançado em 2015 e à Procura da Felicidade, dirigido por Gabriele Muccino e lançado em 2007.

Participar de intervenções cognitivas também pode promover o aumento da rede de suporte social, pois os vínculos estabelecidos em programas de treino cognitivo podem se fortalecer e oferecer mais estratégias como lazer, interação social e estímulo para fazer outras atividades. Finalizamos este texto, deixando uma questão para reflexão: você já pensou no seu processo de envelhecimento e na sua qualidade de vida hoje?

Assina este artigo:

Ana Paula Bagli Moreira

 Gerontóloga pela Universidade de São Paulo (USP), com extensão pela Universidad Estatal Del Valle de Toluca – México. Assessora científica do projeto de pesquisa de validação do Método SUPERA e pós-graduanda em MBA em Gestão de Saúde pelo Centro Universitário São Camilo.

Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva

Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É assessora científica e consultora do Método Supera.

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