A Doença de Alzheimer (DA) é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta principalmente pessoas idosas, sendo a forma mais comum de demência. Ela se caracteriza pela perda de memória, deterioração cognitiva e alterações no comportamento e no desempenho de atividades rotineiras do indivíduo. A Doença de Alzheimer é marcada pelo desenvolvimento de proteínas tóxicas, chamadas de placas beta-amiloides extracelulares e emaranhados neurofibrilares intracelulares, além de alterações em vasos e artérias cerebrais, inflamação neuronal e atrofia cerebral progressiva.
No Brasil, aproximadamente 1,8 milhão de pessoas convivem com algum tipo de demência, e a cada ano surgem cerca de 100 mil novos casos. Globalmente, o total chega a 50 milhões, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e dados do Relatório de Indicadores de Demências- RENADE do Ministério da Saúde, divulgado em 2023.
De acordo com as previsões da Alzheimer’s Disease International (ADI), esses números poderão saltar para 74,7 milhões até 2030 e 131,5 milhões até 2050, em razão do envelhecimento da população. Esse panorama revela que a demência representa uma crise global de saúde que precisa ser enfrentada.
Conforme o Relatório Mundial sobre Doença de Alzheimer de 2021, o Brasil está entre os países mais afetados pela doença, principalmente devido à alta incidência em nações com grandes populações e economias de média e baixa renda. Além do Brasil, a Índia, a China, a Nigéria e o México são esperados para registrar os maiores números de casos do mundo.
Diversos fatores de risco contribuem para o desenvolvimento da Doença de Alzheimer, incluindo idade avançada, histórico familiar, genética, além de fatores ambientais e de estilo de vida inadequados e nocivos para a saúde, como sedentarismo, tabagismo, alcoolismo, exposição à poluição do ar e poluição sonora, doenças crônicas descompensadas como hipertensão e diabetes mellitus tipo 2, e colesterol elevado. Estudos recentes, publicados na renomada revista científica The Lancet, indicam que a adoção de hábitos saudáveis podem funcionar como uma ferramenta de prevenção, modificando possíveis fatores de riscos.
As principais estratégias de prevenção incluem:
Exercícios Físicos Regulares
- Atividades como caminhada, natação e ciclismo são particularmente benéficas;
- Melhora a saúde cardiovascular e aumenta a circulação sanguínea no cérebro;
- Promove a neurogênese e a sinaptogênese.
Dieta Saudável
- Alimentação balanceada rica em frutas, vegetais, grãos integrais e peixes;
- Reduzir a ingestão de gorduras saturadas e açúcares e de alimentos industrializados e ultraprocessados;
- A dieta mediterrânea é especialmente recomendada, associada a uma menor incidência de doenças neurodegenerativas.
Estimulação Cognitiva
- Manter o cérebro ativo com atividades como leitura, jogos de memória, aprendizado de novos idiomas e hobbies;
- Participação em atividades sociais que desempenham um papel crucial na saúde mental.
Controle de fatores de risco cardiovascular
- Hipertensão, diabetes, obesidade e tabagismo são fatores de risco para a Doença de Alzheimer;
- O controle desses fatores através de medicamentos, dieta e estilo de vida saudável pode reduzir significativamente o risco de desenvolvimento da doença.
Horas de Sono Adequadas
- Boa qualidade do sono, pois é durante o sono que formamos novas memórias, e pessoas com privação de sono, ou com insônia, tem alterações do humor e pior desempenho cognitivo;
Assim, adotar um estilo de vida mais saudável pode ter um impacto significativo na saúde cerebral,possibilitando a prevenção da doença da Doença de Alzheimer.
Referências
ALZHEIMER ASSOCIATION. Alzheimer e demência no Brasil. 2024. Disponível em: <https://www.alz.org/br/demencia-alzheimer-brasil.asp>. Acesso em: 24 de jul. de 2024.
ASSUNÇÃO, Pedro Eduardo Pereira et al. Atividades físicas e a boa alimentação: uma relação estreita com o tratamento e a prevenção da doença de Alzheimer. Research, Society and Development, v. 11, n. 16, p. e278111638069-e278111638069, 2022.
GUZMAN-MARTINEZ, Leonardo et al. Novas fronteiras na prevenção, diagnóstico e tratamento da doença de Alzheimer. Journal of Alzheimer’s disease , v. 82, n. s1, p. S51-S63, 2021.
MAGALHÃES, A. M. et al. A importância do conhecimento populacional sobre prevenção e diagnóstico da doença de Alzheimer. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 23, n. 11, p. e14719-e14719, 2023.
SILVA, Gabriel Felipe Sant Ana et al. Impacto do exercício físico na prevenção de Alzheimer e doenças demenciais: uma revisão narrativa na literatura. Brazilian Journal of Health Review, v. 7, n. 3, p. e70256-e70256, 2024.
Assinam este resumo:
Diana dos Santos Bacelar
Bacharel em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Atualmente atua na área de pesquisa em treino cognitivo de longa duração pelo Instituto SUPERA – Ginástica para o Cérebro e na área de treino e estimulação cognitiva para pessoas idosas, com enfoque em neurologia cognitiva. Já foi bolsista PUB da USP 60+ EACH-USP, nas oficinas de letramento digital.
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva
Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. Coordenadora do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade de São Paulo (GETCUSP). É parceira científica do Método Supera, com a condução de ensaios clínicos em treino cognitivo.