“Um caminhar que transforma passos em consciência e esperança para quem enfrenta a demência”: essa foi a forma que Leonardo Oliva descreveu a experiência. Confira como foi.

Aconteceu entre os dias 24 e 31 de agosto de 2025 a terceira edição da Walking the Talk for Dementia, um evento em um formato que combina uma caminhada de quatro dias com um simpósio de dois dias. A jornada começa com um percurso de, aproximadamente, 40 quilômetros pelo tradicional Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. O objetivo é romper o formato tradicional de conferências e criar um ambiente inclusivo, experiencial e baseado na troca real entre todos os envolvidos nos cuidados da pessoa com demências, em especial, a Doença de Alzheimer.
O tema deste ano foi “Repensando o Futuro da Demência” e reuniu cerca de 80 pessoas, de 30 nacionalidades. Os peregrinos desta caminhada são pessoas vivendo com demência, cuidadores, pesquisadores, profissionais da saúde, formuladores de políticas e defensores da causa e a ideia é que, durante esses quatro dias, não haja distinção entre elas para que a condição seja naturalizada e as pessoas acometidas sejam tratadas com o respeito que merecem.
Em 2025, o Supera convidou o médico geriatra e presidente da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia), Leonardo Oliva, para participar dessa jornada. “Esse é um projeto encantador, disruptivo, inovador, que consegue agregar uma vivência imersiva ao abordar a demência. Poder fazer parte desse movimento faz todo sentido quando temos como objetivo melhorar a saúde mental e o estímulo cognitivo e a capacidade dos indivíduos se manterem funcionais, mesmo para aqueles que vivem com demência”, avalia o especialista.
Oliva conta que, ao contrário do que se esperava, o principal desafio não foi a parte física – como ele esperava – mas a parte emocional. “Foi tudo muito intenso emocionalmente. Poder estar ali, caminhando por horas, durante esses quatro dias com pessoas que seguem vivendo, apesar da demência, e não se entregando a um diagnóstico. Eles nos mostraram que o indivíduo que recebe um diagnóstico de demência é capaz de muito ainda”.
De acordo com ele, as pessoas diagnosticadas com demência também deram palestras durante o simpósio, compartilhando suas experiências e contribuindo para o aprendizado acerca da condição. Oliva também palestrou falando sobre o impacto das conexões humanas na jornada de transformação do ser humano e a importância de uma caminhada como essa nesse processo, considerando a convivência entre pessoas com uma relação intensa com a demência.
“O Supera nos proporcionou um caminhar que transforma passos, em consciência e esperança para quem enfrenta demência”.
O geriatra destaca ainda, a importância de iniciativas como essas. “Sou muito grato ao apoio do Supera ao movimento porque, sem dúvida nenhuma, o foco em saúde mental nas demências, voltado para a qualidade de vida, estímulos cognitivos e quebra de estigmas é fundamental para que consigamos atender esses indivíduos da melhor forma possível”.