SUPERA – Ginástica para o Cérebro

Saúde Mental, esporte e limites humanos: porque precisamos falar sobre isso?

Aos 24 anos, a ginasta americana Simone Biles é hoje uma das maiores atletas olímpicas do mundo. Vencedora de vinte e cinco medalhas em campeonatos mundiais, sendo dezenove delas de ouro, Biles é hoje a ginasta mais condecorada na história dos Estados Unidos em mundiais do esporte. A atleta americana seria uma das favoritas nas finais gerais individuais, mas nesta quarta – feira (28) desistiu de concorrer em duas de seis categorias citando questões pessoais e de Saúde Mental.

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Além da carreira meteórica, Biles é hoje um fenômeno nas redes sociais com 5,3 milhões de seguidores e sua retirada inesperada de duas provas importantes na véspera da disputa surpreendeu até mesmo a equipe que a acompanha.

Ao tomar tal atitude, a atleta que é a maior esperança de medalhas dos Estados Unidos – país que é campeão olímpico histórico, colocou luz a um assunto velado, seja por preconceito, desconhecimento ou ignorância em alguns casos: A Saúde integral do nosso cérebro.

Atletas ‘heróis’ e ‘super-humanos heróis’, será mesmo?

No livro ‘A sociedade do cansaço’, o filósofo sul coreano, radicado na Alemanha, Byung-Chul Han discorre sobre as condições do homem moderno dentro da intensa cobrança pela produtividade.  As narrativas do “faça você mesmo” e “você pode e merece”, segundo o autor, levam a violência neuronal. “A violência neuronal não parte mais de uma negatividade estranha ao sistema, é antes uma violência sistêmica, isto é, uma violência imanente ao sistema”, e continua “O depressivo é o inválido dessa guerra internalizada. A depressão é o adoecimento de uma sociedade que sofre sob o excesso de positividade”, disse o autor.

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Por mais incríveis que sejam seus feitos, superatletas não são super-heróis e precisam ser respeitados em seus limites humanos. Embora a rotina para disputar campeonatos de alto nível seja intensa e exigente, atletas de ouro, prata e bronze, são humanos que precisam ser respeitados em sua totalidade.

Mais do que coragem, a jovem atleta chama a atenção do mundo para a importância de olhar para dentro e respeitar a si mesmo como um ato de preservação, o que pra ela, tem mais valor do que uma medalha olímpica.

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Um mundo de muitas pressões

Não é preciso ser um superatleta para entender que o mundo atual é repleto de cobranças e exigências, muitas vezes inatingíveis e cruéis, que se impõem em diferentes contextos sociais: na escola – com crianças cobradas por não compreenderem a totalidade do conteúdo escolar, aos jovens que lutam para conseguir uma primeira oportunidade de trabalho, muitas vezes repleta de exigências.

Adultos que lutam todos os dias para conseguir seu sustento em um contexto de retração econômica e idosos solitários que precisam de apoio dentro do seu processo de envelhecimento. Pequenos exemplos de ausência de cuidado que afetam a saúde mental de bilhões de pessoas em todo o mundo.

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“Falar de saúde mental é ter a coragem de olhar para dentro. A atleta americana foi muito corajosa, não apenas por desistir de participar, mas por chamar atenção do mundo para um problema que é global: somos seres únicos e complexos. Não podemos viver ignorando nossas emoções, seja no esporte, na escola, no trabalho ou mesmo na terceira idade. A discussão sobre Saúde Mental é urgente e ficou ainda mais exposta depois de tudo que vivemos nesta pandemia”, detalhou a psicóloga e especialista em Ginástica para o cérebro da unidade SUPERA Gurupi (TO), Anizabella de Oliveira Soares.

Porque falar de saúde mental é tão importante?

Nos últimos anos, com a expansão em massa das redes sociais, o mundo começou a falar mais sobre assuntos que antes eram considerados tabus: escravidão, racismo, LGBTfobia, machismo e feminismo. Mais recentemente, sobretudo após a pandemia de COVID19 e a sensação de incerteza generalizada, questões ligadas a Saúde Mental tomaram uma nova dimensão com luz a transtornos específicos e outros, mais frequentes e infelizmente normalizados, como a depressão e a ansiedade.

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“Quando falamos sobre o que sentimos, mais do que expor isso a alguém ou em alguma situação, ajudamos outras pessoas a identificar esse mesmo sofrimento. Por incrível que pareça é comum encontrar pessoas mais velhas que sofreram durante toda a vida com problemas ligados a Saúde Mental sem se quer ter um diagnóstico ou considerar a possibilidade de procurar ajuda. Falar sobre isso é o que devemos fazer sempre e por isso o episódio de Simone Biles é algo tão simbólico, sobretudo por acontecer durante as Olimpíadas”, explicou a especialista.

Nosso cérebro precisa de mais atenção

Já parou para pensar que o nosso órgão mais importante, o cérebro, é também o mais desprezado? É ele quem os comanda, nos acorda, nos ajuda a pensar, tomar decisões, sentir o gosto dos alimentos…, mas também é o que menos cuidados, seja de nossas emoções e dos estímulos que damos a ele durante todo o dia. Pensamentos negativos, preguiça, ódio, raiva: todas as emoções que sentimos ajudam a compor o que somos e o que sentimos.

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“Quando pensamos no nosso cérebro como essa máquina tão poderosa que nos guia a tantos anos e passamos a levar a sério os estímulos que damos a ele, tudo muda. Temos em todo SUPERA exemplos de alunos de todas as idades que começaram a dar ao cérebro os estímulos corretos e que observaram até mesmo mudanças em sua Saúde Mental, como consciência de si mesmo e amor-próprio. Nosso cérebro precisa da mesma atenção que damos ao nosso corpo, com estímulos constantes para um desenvolvimento adequado e saudável”, concluiu.

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