De acordo com pesquisas realizadas na Europa e nos Estados Unidos entre 2008 e 2011, cientistas identificaram duas regiões do cérebro que podem interferir na visão política de cada pessoa. São elas a amígdala cerebral e o córtex cingulado anterior.
Situada no lobo temporal, a amígdala cerebral é fundamental para a autopreservação, ou seja, é o centro detector do perigo, gera sensações de medo e ansiedade e, por isso, está relacionada aos estilos mais conservadores. Nas pessoas politicamente mais conservadoras, esta estrutura é um pouco maior do que nas outras pessoas.
2014Já o córtex cingulado anterior reconhece as situações em que o autocontrole é necessário e é mais ativo em pessoas que possuem uma posição política mais liberal, pois a quantidade de massa cinzenta é maior.
Para comprovar esta tese, especialistas da Universidade do Arizona fizeram uma pesquisa com republicanos e democratas, questionando a taxa de desemprego nos EUA. Os resultados foram praticamente os mesmos, porém, quando a pergunta foi direcionada ao nível de desemprego durante o governo Obama, as respostas foram completamente opostas. Para os democratas, o desemprego não aumentou, mas para 75% dos republicanos, esse quadro piorou no país.
De acordo com a pesquisa, essa rivalidade acontece por razões evolucionistas, pois a tendência partidária é o resultado de grupos de formação, um processo natural de desumanizar o grupo identificado como “outro”.
Essa pesquisa deixa claro o que está exposto diariamente nas redes sociais, principalmente no Facebook, onde um debate político começa a partir dos comentários, muitas vezes desrespeitosos em relação a opinião do outro. Uma alternativa proposta por professores da Universidade do Texas é criar um botão de “respeitar” nas publicações, para que assim as pessoas comecem a olhar de maneira diferente as opiniões contrárias as suas.
Ser intolerante à opinião do outro é uma atitude que vai contra a ética da sociedade, pois as diversidades existem e devem ser tratadas igualmente. Socializar de maneira justa e equilibrada é uma das agilidades desenvolvidas com a prática da ginástica cerebral.
Para ser mais equilibrado emocionalmente e, assim, melhorar as relações interpessoais, é importante estimular o cérebro, como em uma ginástica cerebral. Atividades lúdicas com jogos de tabuleiro e dinâmicas de grupo desafiadoras, por exemplo, ajudam a aprimorar a capacidade de expressão e autoestima. Durante estas atividades, os jogadores tomam contato com princípios e valores como ética, honestidade, solidariedade, respeito ao próximo e responsabilidade social.
Pode parecer estranho para quem ainda não está familiarizado com a ideia de ginástica cerebral, mas a neurociência já comprovou que o cérebro pode, sim, ser treinado. Este pode ser um bom exercício, embora inusitado, para compreendermos a importância de se respeitar a opinião do outro.