Durante o mês de novembro são promovidas campanhas que visam promover a conscientização sobre o câncer de próstata, o que embasa a campanha do Novembro Azul. O câncer de próstata é uma doença que atinge milhares de homens a cada ano, sendo o mais frequente nessa população, correspondendo a 30% dos casos registrados, segundo artigo publicado na Revista Brasileira de Oncologia. Além disso, estimativas apontam que o câncer de próstata será o segundo mais prevalente entre indivíduos do sexo masculino em todos os estados do Brasil e Distrito Federal, ficando atrás apenas no câncer de pele não melanoma.
Embora os dados epidemiológicos mostrem que milhares de novos casos de câncer de próstata são diagnosticados no Brasil anualmente, o que chama ainda mais atenção é o fato de que muitos desses casos poderiam ser evitados com a detecção precoce e mudanças nos hábitos de vida. Esse tipo de câncer é silencioso nas fases iniciais, mas pode ser tratado e apresenta uma alta taxa de cura quando detectada precocemente.
Exames específicos e o toque retal são fundamentais para identificar o câncer nos primeiros estágios, quando o tratamento tem mais chances de sucesso. A probabilidade de desenvolver o câncer de próstata aumenta com a idade e fatores como histórico familiar e etnia também influenciam o risco. Homens negros, por exemplo, apresentam uma maior prevalência de diagnóstico.
É importante destacar que as questões culturais e sociais também desempenham um papel significativo na saúde masculina. Muitas vezes, a resistência ao diagnóstico e ao tratamento está ligada a estereótipos e à ideia de que o homem não deve demonstrar vulnerabilidade. De acordo com o artigo “Vulnerabilidades e estereótipos masculinos nas representações sociais das causas do adoecimento por câncer de próstata”, publicado recentemente, os homens frequentemente evitam procurar ajuda médica devido ao medo de parecerem fracos ou incapazes de cuidar de si mesmos. Este estigma em torno da saúde masculina resulta em um atraso no diagnóstico, dificultando o acesso ao tratamento e, consequentemente, reduzindo as chances de cura.
O estudo destaca que a forma como os homens percebem sua própria saúde e como são socialmente pressionados a manter uma imagem de força e invulnerabilidade é um obstáculo para a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de próstata. Superar esses estereótipos é importante para mudar a mentalidade dos homens em relação ao cuidado com a saúde, desafiando as normas que associam o ato de procurar ajuda à fraqueza.
Além disso, adotar um estilo de vida saudável, com alimentação adequada, prática regular de atividades físicas e controle do estresse, pode ajudar a reduzir os riscos de desenvolvimento da doença. A combinação de hábitos saudáveis com a realização de exames periódicos é, sem dúvida, a melhor estratégia de prevenção.
Referências:
MATOS, W. D. V. et al. Vulnerabilidades e estereótipos masculinos nas representações sociais das causas do adoecimento por câncer de próstata. Cadernos de Saúde Pública, v. 40, n. 9, e00175123, 2024. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102-311XPT175123. Acesso em: 12 nov. 2024.
SANTOS, M. O. et al. Estimativa de Incidência de Câncer no Brasil, 2023-2025. Revista Brasileira de Cancerologia, [S. l.], v. 69, n. 1, p. e–213700, 2023. Disponível em: 10.32635/2176-9745.RBC.2023v69n1.3700. Acesso em: 12 nov. 2024.
Assinam esse texto:
Profª Msc. Gabriela dos Santos – Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Gerontologia pela Universidade de São Paulo (USP), Graduada em Gerontologia pela USP, com Extensão pela Universidad Estatal Del Valle de Toluca. Membro do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade de São Paulo.
Profa. Dra. Thais Bento Lima da Silva – Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Mestra e Doutora em Ciências com ênfase em Neurologia Cognitiva e do Comportamento, pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Docente do curso de Bacharelado e de Pós-Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH- USP), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É parceira científica do Método Supera. Coordenadora do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade de São Paulo.