Em visita à sede do SUPERA, o co-fundador e diretor geral do Scientific Brain Training (SBT), Franck Tarpin-Bernard, falou com exclusividade à nossa equipe de reportagem sobre treinamento cerebral. Confira:
O que você tem a dizer sobre esta sua primeira visita ao Brasil? Você encontrou novidades sobre treinamento cerebral por aqui?
O mais interessante é a proposta apresentada pelo SUPERA, de acompanhar os estudantes, propondo às escolas ferramentas extremamente práticas, sobre as quais poderemos trabalhar juntos.
O SUPERA é um ótimo complemento às ferramentas tecnológicas que utilizamos hoje na França e que permitem reforçar a aprendizagem. Com elas, podemos trabalhar o que chamamos cientificamente de transferência metagognitiva, ou seja, a capacidade de transportar para a vida real e para as práticas do cotidiano habilidades extremamente precisas que desenvolvemos com os exercícios para o cérebro.
A neurociência está caminhando bem nesta direção?
Durante um tempo, as pessoas achavam que o cérebro não evoluía mais a partir dos 25 anos. Mas a neurociência mostrou que isto é falso, que a neuroplasticidade é uma característica do cérebro em todas as idades. Quando somos crianças, evidentemente, o cérebro se desenvolve, mas quando somos adultos ou idosos o cérebro continua a ter uma capacidade de criar novas conexões e se desenvolver. Todo conjunto de métodos que podemos propor, com base nos estudos da neurociência, é para ajudar as pessoas a desenvolver estas novas conexões e principalmente fazer esta transferência.
2015O que podemos, então, fazer para desenvolver novas conexões no cérebro?
Podemos fazer palavras-cruzadas, sudoku e jogos de carta, mas a verdade é que se você faz apenas isso você se tornará um especialista em sudoku, mas não te ajudará a se lembrar de onde deixou a chave ou onde estacionou o carro… Então o importante é trabalhar todas as funções cognitivas de forma diferente e variada, ao invés de trabalhar uma tarefa específica.
Isto é o que propomos na versão do treinamento cerebral online, com inúmeras atividades para poder aplicar a concentração, a memorização e a lógica em diferentes contextos, os quais eu também encontrei no Método SUPERA, com muitas atividades variadas. Fazemos a repetição, mas também a variedade. Assim estamos seguindo os métodos neurocientíficos.
Quais são os problemas cerebrais mais recorrentes em pessoas de idade avançada?
Para as pessoas com 50 anos, podemos falar em prevenção, ou seja, reforçar seu capital cerebral ou capital cognitivo. Quanto mais capital você tem, mais seus neurônios estão interconectados, mais sua rede é sólida, mais você vai resistir ao envelhecimento natural, ou seja, às patologias como Alzheimer e outras, que aos poucos vão destruindo suas conexões. Se a sua rede de conexões neuronais é densa, você prolonga sua qualidade de vida.
Em seguida, temos as pessoas com mais de 60 ou 65 anos, que começam a ter dificuldades. A ideia é de reforçar a autoestima, de ser capaz de manter autonomia. Neste caso, o objetivo é melhorar o desempenho das funções cognitivas. Evidentemente, a memória é a mais importante, mas precisamos exercitar todas elas.
O que a ciência diz sobre tudo isso?
Hoje sabemos que ter uma vida estimulante do ponto de vista cognitivo pode preservar seu cérebro, pois a probabilidade de desenvolver doenças daqui a cinco ou dez anos seja reduzida. Temos muitos estudos científicos que mostram isto. Está provado
O que é ter uma vida cognitiva estimulante?
Ter uma vida estimulante significa fazer certo número de atividades. Primeiro, em atividades que podemos classificar como naturais, como viajar ou fazer jardinagem; e as atividades mais específicas centradas no treinamento cerebral. É a combinação dos dois que faz com que você consiga a constituir uma rede neural sólida.
O que dá mais resultado, os exercícios para o cérebro online ou os cursos presenciais de ginástica cerebral?
A vantagem do treinamento online é que podemos acessá-lo todos os dias, porque não temos tempo para ir a semana inteira a uma escola como o SUPERA. Com o treinamento online, você consegue atingir intensidade no treinamento, o que é importante para obter bons resultados. Em casa, o treinamento garante uma adaptação individualizada e você pode identificar quando o treinamento está muito fácil. Se você pode fazer os exercícios com muita facilidade, eles se tornam desinteressantes. A questão é encontrar um bom nível de dificuldade nos exercícios para progredir.
Ao mesmo tempo, quando nos encontramos com outras pessoas no curso presencial, podemos discutir e trocar técnicas. Assim, você consegue identificar por que consegue ou por que fracassa na resolução dos exercícios. Toda esta dimensão de interação social, somada à mediação pedagógica dos educadores, é o que vai contribuir para a eficácia do treinamento cerebral. O ideal é fazer as duas modalidades para que seja um treinamento completo, com resultados expressivos no desenvolvimento de funções cognitivas e habilidades sociais.
Franck Tarpin Bernard é também presidente do Happy Neuron, site que deu origem ao Supera Online aqui no Brasil.
Confira a entrevista: