Depressão em idosos ainda é um tabu. De acordo Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais 5º edição (DMS-5), o transtorno depressivo é caracterizado como uma condição de saúde mental quando aparecem quatro ou mais dos seguintes sintomas: alteração do humor, do apetite, do sono, letargia, sentimento de culpa e baixa autoestima, dificuldade de concentração, agitação e ideação suicida.
Para o diagnóstico da depressão, é preciso considerar a ocorrência desses sintomas em um período de no mínimo duas semanas, com apresentação de pelo menos quatro sintomas listados acima, entre os quais o humor deprimido ou a perda de interesse ou prazer, ou apenas mais três sintomas, caso os dois sintomas principais estejam presentes.
Esses prejuízos para a saúde emocional podem ser ainda maiores quando a pessoa não encontra, na família ou nos amigos, o espaço para viver e compartilhar suas experiências, dores e emoções, ou seja, alguém que possa ouvi-la e acolhê-la no processamento dessas emoções.
Com isso, uma das consequências enfatizadas é o aumento dos quadros de depressão em pessoas idosas. Ela pode se manifestar sob diversas formas e ser confundida com outras doenças ou aspectos comportamentais, retardando o diagnóstico e tratamento.
Janeiro branco: um olhar sobre a depressão em idosos
Alguns sinais, no entanto, podem servir de alerta para profissionais de saúde, cuidadores e familiares desses pacientes. Nas pessoas idosas, é bem frequente que a depressão esteja associada à tristeza.
A intervenção correta e rápida é importante porque a depressão aumenta a vulnerabilidade do paciente para outras doenças e pode piorar as já existentes. No caso da necessidade da prescrição de medicamentos, psiquiatras e psicogeriatras precisam analisar a existência de comorbidades e suas particularidades, para avaliar as interações.
Nesse sentido, foi desenvolvido o “Janeiro Branco” – mês em que objetiva-se colocar esse tema em evidência reflexões sobre cuidados com a saúde mental, promovendo a conscientização sobre a importância da prevenção ao adoecimento emocional, algo que gera impactos preocupantes em nossa sociedade.
Outro ponto a se destacar é a rede de suporte social da pessoa idosa. A pessoa idosa espera encontrar, em suas famílias, suporte e apoio, quando necessário, principalmente em seus filhos, dentro ou fora de casa, tendo as filhas ou noras como principais cuidadoras, netos (as), cônjuges, amigos e rede de apoio de serviços. Portanto, ter o apoio biopsicossocial de pessoas que lhes tragam confiança e bem-estar ajuda a prevenir transtornos de humor.
A seguir listamos alternativas de prevenção do desenvolvimento da depressão:
- Realizar atividades que de estimulação cognitiva (leituras, jogos lúdicos, tarefas);
- Ter um estilo de vida saudável (prática de atividades físicas, alimentação equilibrada, hobbies etc);
- Realizar exames periódicos da saúde global (acompanhamento profissional);
- Ter um propósito de vida (traçar objetivos, metas, sonhos etc);
- Ter uma vida social ativa e relações saudáveis (família, grupos de terceira idade, amigos).
Depressão em idosos: o que observar?
Considera-se importante entender o que é o transtorno depressivo e a sua a necessidade de prevenção em si em pessoas idosas. É importante observar as queixas das pessoas idosas frente ao estado de humor, fazer uma avaliação cognitiva e funcional. Profissionais de saúde também devem realizar incentivos e orientação especial para que as pessoas idosas fiquem mais ativos.
Estar engajado socialmente, realizar exercícios físicos, ter uma alimentação equilibrada e de qualidade pode ajudar tanto na parte emocional quanto na parte física. Uma avaliação global, realizada por equipe multidisciplinar deve ser aplicada para medir as alterações e riscos, observando a saúde da pessoa idosa de forma multidimensional.
Assinam este artigo:
Cássia Elisa Rossetto Verga
Estudante de Graduação do curso de bacharelado em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Atualmente faz estágio na área de pesquisa em treino cognitivo de longa duração pelo Instituto SUPERA – Ginástica para o Cérebro. Tem interesse na área de treino e estimulação cognitiva para idosos, com enfoque em neurologia cognitiva. É membro da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Já foi bolsista PUB da Universidade Aberta à Terceira Idade da EACH-USP, atual USP 60 + nas oficinas de música e letramento digital. Participou como assessora de Projetos e Recursos Humanos na Empresa Geronto Júnior entre os anos de 2019 a 2020.
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva
Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É assessora científica e consultora do Método Supera.