Antes de falar sobre a Doença de Alzheimer, é importante citarmos o conceito de demência: ela é denominada como um Transtorno Neurocognitivo Maior, segundo os critérios do Manual Estatístico de Desordens Mentais utilizado no Brasil e no mundo para verificar se um indivíduo apresenta um transtorno mental. De acordo com este manual, uma demência é uma doença caracterizada por declínio progressivo das habilidades mentais, como prejuízo em memória, linguagem, funções executivas e aprendizagem de forma evidente e suficiente para interferir na independência e na autonomia de um indivíduo.
Em 2015, a demência afetou mais de 47 milhões de pessoas em todo o mundo, com 60% dos diagnósticos em indivíduos de baixa e média renda. Estima-se que em 2030, esse número vai chegar a 75 milhões de indivíduos.
A causa mais comum de demência é a doença de Alzheimer (DA), especialmente na população idosa. Informações da Organização Mundial de Saúde (2015) destacam que o impacto negativo das demências sobre a vida dos pacientes e de seus familiares é acrescido pelo enorme custo financeiro para a sociedade, pois o tratamento é muito oneroso. Nos Estados Unidos, por exemplo, os custos com o tratamento das demências chegam a 20 bilhões de dólares anuais. O custo global dos cuidados em demência foi estimado em US$ 604 bilhões em 2010, e este custo encontra-se estimado em US$ 1,2 trilhões em 2030, segundo o relatório do Plano Global de Ações em Demências da Organização Mundial de Saúde em 2017.
As demências representam uma das maiores causas de morbidade entre idosos e sua prevalência no Brasil está entre cinco e 50%, dependendo da faixa etária estudada do público idoso (Estes dados foram extraídos de um estudo populacional, realizado por Frota et al., (2011).
Fatores de risco da doença de Alzheimer
Segundo informações da Associação Internacional de Doença de Alzheimer (AAIC), existem fatores de risco principais para o desenvolvimento da doença de Alzheimer: idade, história familiar e baixo nível de escolaridade.
A DA acomete em sua maioria pessoas idosas, mas há casos de pessoas que desenvolvem a DA precocemente, ou seja, antes dos 60 anos. Por isso, sugere-se que pessoas com familiares acometidos pela doença realizem exames de rotina com periodicidade semestral ou anual.
Outro fator de risco não genético é a escolaridade, pois indivíduos que estimularam pouco as suas habilidades mentais no decorrer da vida, envelhecem com uma reserva cognitiva baixa, ou seja, ficam com maior exposição às adversidades ambientais, como a Doença de Alzheimer.
Desta forma, quanto maior for a estimulação cognitiva do indivíduo, maior será o número de conexões neurais e maior será a sua reserva cognitiva. Estas novas conexões estabelecidas podem auxiliar a circulação do fluxo sanguíneo cerebral, assim como proteger o cérebro da agressão de proteínas tóxicas causadoras da doença de Alzheimer e outras demências. Seriam estes os chamados efeitos neuroprotetores, capazes de adiar ou prevenir o surgimento de uma doença neurodegenerativa.
2019Quais são as causas da Doença de Alzheimer?
As causas específicas que fazem com que um indivíduo desenvolva a doença de Alzheimer atualmente são desconhecidas. Porém, estudos mostram que fatores de risco (genéticos e não genéticos) podem favorecer ao manifestação da Doença de Alzheimer.
Aproximadamente 10% dos casos de Alzheimer ocorrem em pessoas com histórico familiar. O dado é utilizado para embasar estudos que mostram que a causa pode ser genética.
Quando a doença de Alzheimer ocorre, é identificada uma anormalidade genética que afeta a apolipoproteína E, chamada também de apo E. Esse nome extenso significa a parte da proteína que transporta o colesterol pela corrente sanguínea.
Contudo, as causas genéticas ainda estão sendo estudadas e o que há de concreto atualmente é uma lista de fatores de risco que contribuem para o desencadeamento da doença de Alzheimer.
Sintomas da Doença de Alzheimer
Confira as principais características de mudanças presentes em pacientes portadores da doença de Alzheimer, de acordo com dados da Associação Internacional de Doença de Alzheimer (AAIC):
- Perda de memória para eventos recentes;
- Repetição da mesma pergunta várias vezes;
- Dificuldade para acompanhar conversas ou o desenvolvimento de um raciocínio complexo;
- Incapacidade de elaborar estratégias para resolução de problemas;
- Dificuldade para dirigir um automóvel e encontrar caminhos conhecidos;
- Dificuldade para encontrar palavras que exprimam ideias ou sentimentos pessoais;
- Irritabilidade, suspeição injustificada, agressividade, passividade, interpretações erradas de estímulos visuais ou auditivos, tendência ao isolamento.
Estágios da Doença de Alzheimer
Os sintomas da doença de Alzheimer também variam de acordo com os estágios e em cada indivíduo portador da DA, podem ser mais ou menos intensos, evoluindo de forma lenta e gradativa, variando de dez anos a 15 anos, de acordo com a Associação Internacional da Doença de Alzheimer.
O quadro clínico é dividido didaticamente em estágios:
- Estágio leve (fase inicial): alterações na memória, na personalidade, nas habilidades visuais e espaciais.
- Estágio Intermediário ou Moderado (fase moderada): dificuldade para falar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos. Agitação e insônia.
- Estágio Grave ou Severo (fase grave): resistência à execução de tarefas diárias. Incontinência urinária e fecal. Dificuldade para comer. Deficiência motora progressiva.
- Estágio Avançado (fase avançada): restrição ao leito. Mutismo. Dor à deglutição. Infecções intercorrentes.
Tratamento da Doença de Alzheimer
A doença de Alzheimer é irreversível, mas é possível retardar a evolução do seu quadro. Desta forma, é possível que o portador da doença permaneça mais tempo em determinado estágio da Doença de Alzheimer.
Em relação ao tratamento da DA, podemos dividi-lo em duas modalidades: terapias farmacológicas e não farmacológicas. As terapias farmacológicas referem-se aos medicamentos específicos para auxiliar no desempenho das habilidades de memória recente e atenção e dos sintomas comportamentais que surgirem no decorrer dos estágios ou fases da doença.
É fundamental fazer o uso correto dos medicamentos prescritos e aderir ao tratamento adequadamente para evitar um declínio cognitivo mais acentuado.
É importante observar se na realização das atividades rotineiras, o portador da DA está apresentando maiores dificuldades e se em paralelo às dificuldades, estão acontecendo mudanças comportamentais, como maior freqüência de irritabilidade; agressividade física e/ou verbal, apatia/desinteresse; a progressão da doença, perguntando sempre ao paciente se a memória está melhor, se o quadro está estável e se há mais ou menos dificuldade para a realização de atividades do cotidiano.
Geralmente, o tratamento do Alzheimer é feito com medicamentos que têm como objetivo estabilizar o comprometimento cognitivo e minimizar os sintomas da doença, com o mínimo possível de reações adversas.
Dicas e recomendações de cuidados para o portador da Doença de Alzheimer e seus cuidadores
A Associação Brasileira de Alzheimer e o Ministério da Saúde recomendam uma série de cuidados com o paciente que possui Alzheimer. Diversos aspectos devem ser levados em consideração, como quedas em casa, momentos de agitação e acidentes em geral.
Confira as principais dicas:
- Deixe objetos de uso cotidiano sempre no mesmo lugar e com fácil acesso;
- Evite tapetes e o uso de produtos que deixam o piso escorregadio;
- Deixe os locais de circulação livres e iluminados;
- Evite que o idoso use chinelos e sapatos com sola lisa, desamarrados ou mal ajustados;
- Utilize corrimão em escadas;
- Evite barulhos, muitas pessoas em casa, discussões e mudanças bruscas na rotina do paciente;
- Mantenha rotina de horário e local para as refeições;
- Ofereça alimentos com consistência adequada às possibilidades de mastigação;
- Cuide da higiene bucal e leve o idoso ao dentista periodicamente;
- Instale itens no banheiro para evitar acidentes durante o banho;
- Mantenha o paciente limpo e asseado;
- Estimule o paciente mentalmente com jogos e atividades em geral;
- Estimule a leitura de livros.
- Antes do entardecer ligue as luzes, e mantenha pistas para que o paciente entenda a transição do período da tarde para à noite, auxiliando em sua orientação e diminuindo a irritabilidade do fenômeno do pôr do sol.
Informações que você precisa saber a Doença de Alzheimer
A seguir apresenta-se uma lista de informações adicionais para ampliar os seus conhecimentos a respeito da Doença de Alzheimer.
- Alzheimer foi um psiquiatra alemão conhecido por ter sido o primeiro a descrever a doença, em 1906. Anteriormente as doenças eram classificadas e diagnosticadas como histeria, esclerose e popularmente chamada de caduquice
- É possível prevenir ou postergar o desenvolvimento da DA com a mudança de hábitos de vida, ou seja, existem fatores mutáveis para um estilo de vida saudável, como: a prática de exercícios físicos e mentais, incluindo desafios de raciocínio, cursos, jogos e leitura;
- Alimentação balanceada: Incluir na alimentos ricos em ômega 3 e proteínas, como sugere a dieta mediterrânea, que sugere o consumo diário de peixes, vegetais, 2 castanhas-do-Pará por dia e azeite de oliva extra virgem, assim como frutas vermelhas.