Até há pouco tempo era raro ouvir falar em ginástica cerebral. Com o interesse cada vez maior por uma vida saudável e com qualidade, esse conceito foi saindo do anonimato.
Estimuladas pela mídia, que a todo momento divulga notícias com descobertas científicas sobre o cérebro, as pessoas têm buscado conhecer mais sobre o vasto e curioso universo que envolve a mente humana. E mais do que apenas conhecer, elas têm procurado fazer a sua parte para manter, e até aumentar, a própria capacidade mental. O investimento tem um motivo: beneficiar-se das importantes modificações trazidas pelos exercícios cerebrais.
A explicação para as mudanças vem da neurociência. Estudos comprovam que as células nervosas crescem, modificam-se e fortalecem em resposta aos estímulos e experiências vividas, indicando que o treinamento cerebral tem um grande impacto sobre as capacidades cognitivas. Segundo especialistas, quanto mais informações os neurônios recebem (neurônios são células que impulsionam as atividades), surgem mais ligações entre eles, as chamadas sinapses, responsáveis por transmitir informações de uma célula para outra célula. E quanto mais sinapses são criadas, mais possibilidade de raciocínio rápido a pessoa possui.
Tanto a agilidade de raciocínio quanto outras capacidades, como a concentração, criatividade, disciplina, autoestima e segurança, são desenvolvidas por meio de atividades como leitura, exercícios físicos, aprender uma nova língua ou tocar um instrumento musical, tentar decorar letras de músicas, criar um texto para exercitar a escrita, resolver jogos passatempo, como palavras cruzadas, sudoku e problemas de lógica. O ábaco, um dos instrumentos de cálculo e registro numérico mais antigos da história da humanidade, sendo muito utilizado pelos povos orientais, é outra importante ferramenta para o desenvolvimento do cérebro. Ao manuseá-lo, o praticante precisa estar totalmente atento para resolver as contas, desenvolvendo o pensamento lógico, cada vez mais exigido nos estudos e no mercado profissional.
A falta de treinamento do cérebro acaba prejudicando a memória e ao longo dos anos pode ocasionar perdas irreversíveis, resultando em doenças como Parkinson, Alzheimer e Huntington – a pessoa perde progressivamente a coordenação dos movimentos voluntários. Na tentativa de prevenir esses males, profissionais da área médica, como neurologistas, neurofisiologistas e terapeutas, apostam na ginástica cerebral como uma forte aliada.
Para ficar longe das doenças degenerativas do cérebro vale investir também nas neuróbicas, “aeróbicas do cérebro”. São exercícios projetados para manter o órgão ágil e saudável, criando novos e diferentes padrões de atividades dos neurônios, evitando a limitação cerebral. Para isso, basta fazer as atividades cotidianas quebrando a rotina, como escovar os dentes com a mão contrária da de costume, andar de costas, usar o relógio no pulso direito – caso o coloque no esquerdo diariamente, buscar caminhos alternativos para ir ao trabalho…
Para exercitar a mente não precisa de recomendação médica, basta ter boa vontade e estar consciente que praticar ginástica para o cérebro é investir na própria vida.
Por Juliana Hexsel