Mais uma pesquisa do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, publicada pela revista Science Translational Medicine, surpreende e abre novos caminhos para que pessoas com paralisia retomem os movimentos do corpo.
Desta vez, os cientistas implantaram eletrodos nos dois hemisférios do cérebro de macacos rhesus, na área do córtex responsável pelo controle de atividades motoras, e registraram as atividades dos neurônios. Em seguida, eles decodificaram os comandos cerebrais em um software para transformá-los em comandos eletrônicos, usados para movimentar braços virtuais em uma tela posicionada em frente aos macacos.
Nesta pesquisa, as atividades elétricas de 500 neurônios foram registradas enquanto os macacos tentavam alcançar um alvo. Depois, eles tinham de repetir os movimentos somente com o cérebro, olhando para a tela virtual. Cada vez que os braços do avatar virtual alcançavam o alvo, os macacos recebiam uma gota de suco como recompensa.
Apesar de ainda não ter sido experimentado em humanos, a pesquisa é um caminho para ajudar pessoas paralisadas a produzirem movimentos de braços e pernas mecânicas com o ‘poder da mente’.
Estudos como este mostram também a capacidade que o cérebro tem de se modificar, se desenvolver e trabalhar em alta performance. Este é também o princípio da ginástica cerebral, uma prática que tem merecido a atenção de cientistas.
A ginástica cerebral, ou estimulação cognitiva como é chamada por especialistas, é uma forma de ativar regiões do cérebro que ficam adormecidas por falta de ‘uso’. A neurociência já comprovou diversas vezes a neuroplasticidade, a capacidade que o cérebro tem de criar novas redes de conexões neuronais e se modificar.
A ginástica cerebral é uma atividade que pode ser comparada à ginástica para o corpo, que fortalece os músculos, aumentando sua capacidade de sustentação. Ela estimula os neurônios, potencializando as capacidades do cérebro como atenção, coordenação motora, memória e raciocínio lógico.
