Na antiguidade, os principais pensadores e filósofos acreditavam que o processo de envelhecimento humano não seria fisiológico. Ao contrário, eles referiam-se ao processo de envelhecimento como uma doença. No século VII A.C., o conhecido médico e matemático grego Pitágoras dividia o ciclo vital de um indivíduo em cinco estágios: nas idades de 7, 21, 49, 63 e 81, em que as duas últimas etapas eram denominadas como senium, que significa envelhecimento com declínios e perdas.
Com a evolução das campanhas de vacinação, do acesso ao saneamento básico, da disseminação dos tratamentos médicos à população mundial, maior acesso aos tratamentos médicos, melhores condições de alimentação, fomos possibilitando à população de diferentes regiões uma maior expectativa de vida.
No Brasil, para um cidadão que nascia durante a década de 1940, a expectativa de vida ao nascer era de apenas 39 anos. Segundo as novas projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no censo de 2018, a expectativa de vida ao nascer já alcançava mais de 76 anos.
E as projeções destacam que em 2040, podemos estar com a expectativa média de idade de 85 anos. Estamos caminhando para ser um país de cabelos brancos e, com isso, surgem algumas dúvidas: o envelhecimento é um processo natural? Como cuidar da saúde para ter um processo de envelhecimento saudável, com autonomia e independência para os anos de vida adquiridos?
Nesta vertente, o convidamos para refletir sobre alguns pontos. Um deles é compreender que o processo de envelhecimento é um fenômeno contínuo, biológico e comum a todos os indivíduos que vivem. Alguns estudiosos destacam que o desenvolvimento e o envelhecimento andam simultaneamente juntos, e reforçam que o processo de envelhecimento acontece desde a concepção do indivíduo. Ou seja, independente da fase da vida, estaríamos envelhecendo a cada segundo, minuto, hora e dia vivido.
Com o nascimento da Gerontologia, por meio de reflexões de um cientista e fisiologista chamado Elie Metchnikoff, no ano de 1913, passa-se a se ter novos conhecimentos sobre o envelhecimento do indivíduo em que denomina-se o senescência o processo do envelhecimento saudável, com a preservação da autonomia e da independência do indivíduo. E senilidade como o processo de envelhecimento com a presença de doenças, que comprometem a capacidade de dirigir, administrar e gerir a própria vida.
Neste sentido, destacamos que é possível envelhecer bem, com a saúde preservada, e deixamos algumas orientações, como:
- Cuide da sua saúde desde as fases iniciais da vida;
- O envelhecimento não começa na velhice e também não é sinônimo de doença, ele é um processo que acompanha o ciclo vital e o desenvolvimento, por isso, tenha um estilo de vida ativo, pratique atividades físicas regularmente;
- Durma bem. É durante o sono que consolidamos as informações aprendidas;
- Faça exercícios cognitivos, desafios intelectuais em todas as etapas e faixas etárias da vida, pois cuidados com a saúde mental devem começar desde cedo para que no futuro você seja um idoso saudável;
- Realize o autocuidado;
- Mantenha-se em contato com outras pessoas por meio de ligações telefônicas, contato nas redes sociais, marque visitas aos seus contatos próximos, e sempre que possível aprenda algo novo;
- Faça acompanhamentos de rotina, com profissionais especialistas na prevenção e promoção de saúde durante o processo de envelhecimento, como os profissionais gerontólogos e geriatras.
Nós somos tudo aquilo que vivemos ao longo de nossas vidas. Um envelhecimento saudável/ativo resulta em uma longevidade sadia e bem-sucedida. Esperamos que tenham gostado de entender um pouco mais sobre o processo de envelhecimento e a importância de cuidados com a sua saúde, para viver bem e tem uma boa qualidade de vida. Pois como dizem alguns estudiosos, estamos vivendo a revolução da longevidade humana, e precisamos estar inseridos neste processo como protagonistas.
Gostou do conteúdo? Comente e compartilhe! 🤗🧠
Literatura consultada:
Stambler, Ilia. “Elie Metchnikoff—The founder of longevity science and a founder of modern medicine: In honor of the 170th anniversary.” Advances in Gerontology 5.4 (2015): 201-208.
Almeida, Evany Bettine, et al. “Gerontologia: práticas, conhecimentos e o nascimento de um novo campo profissional.” Revista Kairós: Gerontologia 15.Especial13 (2012): 489-501.
Demográfico, IBGE Censo. “Disponível em: https://cidades. ibge. gov. br/brasil/mg/martins-soares/panorama.” Acesso em 23 (2018).
Texto redigido por:
Guilherme Alves da Silva. graduando em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Estagiário do projeto de validação do método SUPERA. Estudante de iniciação científica na área de treino cognitivo.
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva, Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e conselheira executiva da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG) e colunista do site do Método SUPERA.