Por que as pessoas mentem? Já parou para pensar sobre isso?
Pequenas ou grandes… o que nos leva a encobrir ou ocultar a verdade? Mentir é uma habilidade mental pela qual um indivíduo intencionalmente tenta convencer outra pessoa a acreditar naquilo que a própria pessoa sabe que é falso.
Os motivos são os mais variados, desde aumentar um ganho ou evitar uma perda. A verdade é que em maior ou menor grau, todas as pessoas mentem, uma vez que a mentira é um ato instintivo e funciona como uma estratégia de preservação social.
A grande maioria dos tipos de mentiras não são incentivados porque podem destruir a capacidade de confiar uns nos outros.
“Mas elas também não podem deixar de existir porque são o que impede que as pessoas fiquem em pé de guerra umas com as outras, ao garantir um trato gentil entre estranhos e suavizar verdades muito chocantes. Mentir faz parte do que nos torna humanos – uma questão de sobrevivência. Mas, convenhamos, é bom que não se torne tão comum”, alertou a neurocientista do SUPERA – Ginástica para o cérebro Livia Ciacci.
Por que as pessoas mentem? As consequências da mentira para o cérebro
Diferente do que muita gente pensa, mentir dá trabalho. A especialista do SUPERA explica que a mentira exige mais do cérebro do que apenas o relato dos fatos. Para mentir uma pessoa deve primeiro omitir a verdade e, em seguida, elaborar uma fala alternativa convincente para o outro, ao mesmo tempo que se preocupa em esconder os sinais físicos do nervosismo.
Tal processo implica em um maior uso dos recursos cognitivos do que quando se diz a verdade!
“Mesmo demandando esforço, e às vezes exibindo expressões e movimentos típicos, não podemos negar que a mentira tem um papel importante na nossa organização em sociedade e no aperfeiçoamento da imaginação e criatividade. Imagine uma criança dizendo: “Tia, olha o meu desenho!” e você responde: “Que desenho feio!”, os impactos negativos seriam imediatos.
“A mentira em forma de faz de conta é essencial na infância, como o Papai Noel, a Fada dos Dentes e o Coelhinho da Páscoa”, detalhou Livia. Ainda segundo ela, a mentira é fruto das conexões neuronais responsáveis pela imaginação e criatividade.
“A habilidade do cérebro de mentir também tem utilidade quando falamos de memórias, pois preenchemos todas as lacunas dos nossos fragmentos de memórias com itens de outras memórias ou mesmo fatos imaginados. Para dar sentido às histórias da sua vida, o cérebro utiliza a imaginação e preenche tudo de forma automática. Até na função visual, o cérebro envia imagens “virtuais” para que você não fique cego enquanto os olhos mudam de posição.
Ou seja: mesmo que você seja a pessoa mais verdadeira possível, seu cérebro continua usando mentiras, logo – quem vive, mente!”, explicou Livia Ciacci, neurocientista do SUPERA – Ginástica para o cérebro.
Não é de hoje que a neurociência observa de perto comportamentos ligados a mentira. Alguns estudos relacionam que os bons mentirosos também são excelentes resolvedores de problemas de forma criativa.
Os pesquisadores Francesca Gino e Scott Wiltermuth projetaram uma série de experimentos, sendo que em todos eles os participantes eram estimulados a trapacear e em seguida tinham uma tarefa que exigia criatividade.
Os participantes mostraram níveis mais altos de pensamento criativo depois de terem sido induzidos a trapacear no momento anterior.
Então a trapaça pode encorajar a criatividade subsequente ao preparar as pessoas para serem menos contidas pelas regras.
Por que quem mente muito não sente culpa?
Existem alguns transtornos de comportamento que envolvem um excesso de mentiras, o que deve ser avaliado caso a caso por um profissional competente. Mas no geral, pessoas que mentem e percebem que não foram punidas por isso, mesmo sabendo que foi errado, tendem a repetir ou ainda serem mais ousadas nas próximas mentiras.
Ou seja, mentir e ver que “deu certo” facilita que haja próximas mentiras, como se o cérebro realmente ficasse “sem vergonha”.
“Também não estamos preparados para sermos desmascarados, pois entram em jogo o orgulho, o medo do julgamento e vários jogos mentais que fazem com que o cérebro prefira inventar coisas mais elaboradas ainda para se livrar da culpa. A tendência é sempre responder aumentando a mentira”, explicou.
Como o ambiente virtual favorece este tipo de comportamento?
Um grande limitador para as mentiras é exatamente a interação frente a frente, olho no olho e por isso o ambiente virtual é tão propício para isso.
Na comunicação via telas ou textos rápidos, nós criamos menos vínculo, e consequentemente menos empatia, aí é mais fácil mentir. Para quem mente muito, 5 dicas para abandonar este comportamento:
Por que as pessoas mentem? Abandone este hábito em cinco passos:
- Se precisar mentir para não parecer grosseiro, evite uma resposta extremamente oposta. Por exemplo, se você achou feio o corte de cabelo da sua amiga, não precisa dizer que ficou “sensacional”, diga que “ficou bom”, ou que “combinou”, “ficou diferente”, vai ser algo mais natural de dizer;
- Quando crianças perguntarem sobre coisas da vida, não invente histórias fantasiosas. Diga algo próximo da realidade, mesmo que seja em uma linguagem mais simples.
- Quando receber informações muito chamativas por redes sociais ou WhatsApp, desconfie e nunca repasse se não souber qual a fonte dessa informação.
- Crianças têm uma fase muito imaginativa e podem inventar muitas coisas, mas nunca desmascare elas diretamente ou na frente de outras pessoas, esse constrangimento é mais prejudicial do que a própria mentira imaginada.
- Quando desconfiar que alguém está mentindo para você, faça uma pergunta aleatória sobre um detalhe insignificante, e em seguida pergunte algo relacionado à história, você vai desconcentrar a pessoa e ela pode se confundir, entregando a mentira!