Desde o início das ciências cognitivas, a busca por entender e estimular a criatividade tem sido um desafio constante. Como ela acontece no cérebro humano e como ela pode ser estimulada ao longo da vida?
Desde o início das ciências cognitivas tentamos definir e encontrar fórmulas do que é a criatividade, e hoje a descrevemos como um atributo e como um processo que se desenvolve nos níveis do indivíduo e da sociedade. Ou seja, a criatividade está na mistura dos fatores culturais, socioeconômicos, educacionais e pessoais.
Uma vez entendendo que as ideias surgem de uma combinação de atividades mentais, muitos autores discutem quais seriam as funções que compõem os eixos da criatividade no cérebro.
Segundo o tipo de conexões de neurônios em rede, existem duas dimensões de processamento de informações não concorrentes e paralelas: a primeira refere-se à capacidade de organizar, sequenciar as informações, tornando o pensamento lógico, a segunda e oposta, caracteriza o pensamento intuitivo, o qual processa a quantidade total dos estímulos conscientes e inconscientes, direcionando uma tendência.
Apesar da natureza oposta, que geralmente faz as pessoas imaginarem que lógica e intuição se anulam, na verdade, a somatória dessas dimensões geram um terceiro valor.
“Imagine uma gangorra, se o pensamento lógico pesa mais, a combinação final trará pensamentos claros, objetivos, elaborados e imparciais. Esse é o modus operandi típico dos cientistas e dos argumentadores. Por outro lado, se a intuição pesa mais, a combinação final acrescentará pensamentos empáticos, flexíveis, imaginativos, com senso de humor e o uso constante de analogias e metáforas. Esse é o modus operandi típico dos músicos, atores, escritores e pintores. Esse raciocínio ajuda a entender que tanto as fórmulas de Einstein quanto Monalisa são exemplos de criatividade”, detalhou Livia Ciacci, neurocientista do SUPERA – Ginástica para o cérebro.
Einstein adicionou intuição à lógica física, ao olhar e reorganizar a estrutura newtoniana, criando um arranjo para as partes já existentes. Atribui-se a genialidade dos últimos quartetos de Beethoven ao problema de audição, quando foi possível ignorar as críticas externas e focar na sua própria intuição.
Então, como estimular o cérebro para a criatividade? “Aqui podemos combinar uma série de técnicas capazes de: ampliar o repertório cognitivo, promover discussão e reflexão em grupo, organizar melhor os problemas e explorar múltiplas soluções antes de aplicar juízos de valor”, detalhou.
A prática contínua destes exercícios conduz a um processo de desenvolvimento, ao mesmo tempo, dos padrões de pensamento lógico e intuitivo, extrovertido e reflexivo. E adivinha a receita básica para essa prática? Sim, novidade, variedade e grau de desafio crescente!