O jornalista Mauricio Kubrusly compartilhou recentemente na imprensa que foi diagnosticado com demência Fronto temporal. O jornalista, de 77 anos, falou sobre sua doença para justificar sua ausência das coberturas jornalísticas.
Além do jornalista, o ator Bruce Willis também manifestou recentemente que sofre da mesma condição destacando um tipo de demência prematura que afeta indivíduos antes dos 65 anos.
O que é exatamente a demência Fronto temporal? A Dra. Thais Bento Lima, parceira científica do programa SUPERA – Ginástica para o Cérebro, gerontóloga e Doutora em neurologia cognitiva e do comportamento pela USP, explica que o diagnóstico de Willis e de Kubrusly, a demência frontotemporal (DFT) abrange um conjunto de doenças caracterizadas por degeneração localizada nos lobos temporais e/ou frontais do cérebro.
Segundo ela, a DFT é clinicamente diversificada e se desdobra em subtipos de linguagem, nomeadamente a variante não fluente ou agramática da afasia progressiva primária e a variante semântica da afasia progressiva primária (denominadas pela sigla APP).
Esses diagnósticos têm um impacto direto nos recursos essenciais para um ator e para um jornalista de acordo com a especialista do programa SUPERA – Ginástica para o Cérebro. “A APP é uma síndrome clínica caracterizada por uma linguagem fluente perturbada, com uma perda gradual do conhecimento das palavras, resultando em anomia e dificuldade em compreender palavras, juntamente com o surgimento de paráfrases semânticas.
Os pacientes podem enfrentar dificuldades em reconhecer objetos, especialmente os menos familiares ou menos comuns, e apresentar sinais de dislexia ou disgrafia superficial, que envolvem erros na leitura ou escrita de palavras irregulares”, detalhou.
A Dra. Bento Lima também explicou que a doença provoca uma deterioração assimétrica dos lobos temporais anteriores, resultando em um quadro clínico variável de acordo com o lado mais afetado. “Essa síndrome clínica se caracteriza por alterações comportamentais, como mudanças de personalidade, depressão e comportamento social inadequado, associadas a uma perda de autocrítica”, acrescentou.
Quanto à expectativa de vida dos pacientes com esse diagnóstico de síndrome demencial, estima-se que a sobrevida média após o diagnóstico seja de 6 a 9 anos, um período menor em comparação com outras demências, como a doença de Alzheimer e a demência vascular.
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O Progresso da Doença de Bruce Willis
Para entender o que é a condição do jornalista Maurício Kubrusly, podemos olhar para outros casos, como o caso específico de Bruce Willis, o tipo de demência Fronto temporal que ele estava enfrentando era uma afasia progressiva primária, e a família percebia que sua capacidade linguística estava gradualmente diminuindo, acompanhada por alterações comportamentais, de personalidade e mudanças de humor. Sua esposa relatava que, durante o tratamento, como o diagnóstico ainda não estava claro, acreditavam que os medicamentos prescritos estavam comprometendo a saúde dele, pois nunca tinham ouvido falar de afasia progressiva e demência frontotemporal.
“A perda gradual da linguagem que ocorre na afasia progressiva primária (APP), além de afetar a vida do indivíduo, demanda adaptações contínuas do indivíduo e de sua família para enfrentar as dificuldades linguísticas, cognitivas e emocionais que aumentam ao longo do tempo. A reabilitação linguística/cognitiva na APP requer flexibilidade para acompanhar as mudanças”, afirmou.
“Ao ser diagnosticado com a doença, é crucial buscar informações. Quando o cuidador compreende a doença, ele consegue administrar o tratamento adequadamente e as fases da doença de maneira eficaz. Recomendamos um guia para cuidadores de pessoas com demência Fronto temporal, que pode ser baixado e oferece informações abrangentes sobre os cuidados necessários para lidar com essa demência”, destacou Thais Bento, parceira científica do programa SUPERA – Ginástica para o Cérebro.
O que é a condição do jornalista Maurício Kubrusly
Demência Fronto temporal: Estratégias de Prevenção para Condições Demenciais
As demências em geral têm um curso progressivo e, infelizmente, não possuem cura. No entanto, a situação de Bruce Willis e do jornalista Maurício Kubrusly reforçam a importância de encarar o envelhecimento com bons hábitos de vida saudáveis e estímulo cognitivo.
“Embora as demências ainda estejam em estudo em todo o mundo, a ciência já reconhece a importância dos bons hábitos na prevenção de sua manifestação, especialmente em casos com uma predisposição genética. Nesse contexto, a estimulação cognitiva, ou ginástica para o cérebro surge como uma intervenção interessante não medicamentosa, promovendo a atividade cerebral e contribuindo para retardar ou evitar o surgimento da doença em casos mais suscetíveis”, concluiu.