SUPERA – Ginástica para o Cérebro

Das telas para a vida real: verdades sobre ansiedade infanto-juvenil

O filme “Divertida Mente 2” aborda um assunto preocupante, já que pesquisas apontam que crianças e adultos superam os registros de ansiedade pela primeira vez no Brasil.

No filme “Divertida Mente 2”, que é sucesso de bilheteria, a tela dos cinemas mostra a personagem Ansiedade em destaque. A ficção aborda um assunto delicado, já que pela primeira vez na história os registros de ansiedade entre crianças e jovens superam os de adultos no Brasil. A análise, feita pela Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do SUS, no período de 2013 a 2023, indica que a taxa de pacientes atendidos na faixa etária de 14 anos é de 125,8 a cada 100 mil e a de adolescentes de 157 a cada 100 mil.

A nova personagem do filme da Pixar “Divertida Mente 2”, Ansiedade
Imagem: Divulgação

Em julho de 2022 uma pesquisa Datafolha, encomendada por Itaú Social, Fundação Lemann e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) indicou que 34% dos estudantes, de acordo com os seus pais, estavam com dificuldade de controlar suas emoções desde que voltaram a ter aulas presenciais pós pandemia. No Ensino Médio esse número sobe para 40%. 

Segundo Lívia Ciacci, mestre em Neurociências, parceira do SUPERA – Ginástica para o Cérebro, desde 2022 a situação dos jovens passou a ficar mais crítica do que a dos adultos. “Isso é muito preocupante para o desenvolvimento cerebral, tendo em vista que a ansiedade pode causar hiperatividade no sistema límbico, especialmente na amígdala, que é uma das responsáveis pelo processamento de emoções. Crianças e adolescentes ansiosos podem ter uma amígdala mais reativa, o que pode aumentar respostas de medo e estresse. Pensando na saúde mental, a ansiedade afeta o desempenho acadêmico e social, fazendo os jovens e crianças terem dificuldades de concentração, na interação social e levando a ter também uma baixa autoestima”, conta Lívia. 

Segundo ela, é interessante adotar estratégias de enfrentamento como incentivar a escrita sobre os pensamentos e sentimentos, para ajudar a processar as emoções e identificar padrões de ansiedade. Além disso, estabelecer rotinas previsíveis para proporcionar uma sensação de segurança e controle. “É fundamental que, além de tudo isso, tenha a educação e conscientização sobre o que é ansiedade, para que assim se reduza o estigma a redor deste tema. É fundamental oferecer apoio e suporte dos cuidados, para que o jovem se sinta seguro e confortável para se abrir sobre o que sente. Algumas técnicas de respiração, atividade física e livros podem ser excelentes aliados para auxiliar nesse processo. O treino de cálculos com o ábaco, por exemplo, é uma ótima atividade de atenção focada, para melhorar a capacidade do cérebro de estar no presente, habilidade que ajuda a controlar a ansiedade”, conta.

Qual a postura da família para lidar com essa ansiedade? 

  1. Abordagem compreensiva, paciente e proativa;
  2. Se informar sobre a ansiedade: como ela afeta e os sintomas, para responder de maneira eficaz;
  3. Demonstrar empatia e ouvir ativamente, sem julgamentos e minimização de sentimentos do jovem. Manter uma comunicação aberta, sempre incentivando o jovem a expressar seus sentimentos e pensamentos, sem medo de julgamentos. Para tanto, fazer perguntas sobre o dia a dia dele e sempre elogiar os esforços, celebrando cada pequena conquista e progresso que ele tiver;
  4. Estabelecer rotinas e incentivar bons hábitos alimentares e de atividades físicas, pode ser mostrando um novo esporte na escola, ou se engajando para saber os interesses do jovem;
  5. Não ter medo de reconhecer que precisa procurar um tratamento médico e terapias e participar ativamente desse processo, tendo paciência e flexibilidade, para saber que pode ser lento e que haverá altos e baixos.

Atividades recomendadas

Lívia cita algumas atividades que têm papel importante no manejo da ansiedade e são grandes aliadas para minimizar os sintomas:

“É essencial que os adultos participem ativamente incentivando e criando um ambiente de apoio e encorajamento, sem cobranças e pressões, promovendo também um tempo de qualidade, escutando e validando as experiências vividas”, conclui.

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