Memória, cinema e literatura

Publicado em: 29/10/2015 Por Assessoria de Imprensa SUPERA

Fernando Gasparetto é professor universitário e palestrante

Fernando Gasparetto é professor universitário e palestrante

Como vocês leitores de meus artigos já perceberam, gosto de relacionar o que escrevo ao cinema sempre que posso, afinal, essa é uma das minhas paixões. Outra de minhas paixões é a literatura, por isso também acabei por me tornar professor desta tão encantadora disciplina. E hoje, unindo estes dois temas, minha intenção é relaciona-los ao assunto “memória”.

“Sociedade dos Poetas Mortos”, filme de 1989, conta a história de alunos de um colégio extremamente tradicional e sua relação com o novo e instigante professor de Inglês, interpretado pelo ator Robin Willians.

 

“Apanha os botões de rosa enquanto podes

O tempo voa

E esta flor que hoje sorri

Amanhã estará moribunda”

Robert Herrick

Logo na primeira aula de poesia do professor Keating (Robin Willians) ele leva os alunos para um local com fotos, medalhas e troféus de ex-alunos do Colégio e cita a poesia acima. “Este sentimento em latim leva o nome de Carpe Diem” diz ele – Aproveite o dia.

Pode não parecer, mas esta reflexão, entre outros assuntos que poderiam ser relacionados a ele, também pode nos levar a uma reflexão sobre a nossa memória. Tudo o que prestamos atenção e vivenciamos com paixão, nosso cérebro registra com tanta qualidade, que mesmo se quiséssemos não esqueceríamos com facilidade. A nossa memória preserva aquilo que dizemos a ela ser importante. Quando valorizamos o momento presente estamos dizendo ao cérebro que consideramos aquele momento digno de ser lembrado no futuro.

2015Supera e você na Disney

Há uma cena em que Mr Keating pede para um aluno ler um ensaio chamado “Entendendo Poesia”. Logo em seguida diz para ele que aquilo tudo não passava de “excremento”, não tinha valor algum. Ele pede aos alunos para arrancarem dos seus livros aquelas páginas. Não estou aqui incentivando ninguém a fazer isto, professores ou alunos, mas algo me chamou atenção naquela cena. Um dos alunos estava desenhando em seu caderno, mas a partir daquele momento, para o que estava fazendo e começa a prestar atenção na aula. Tiro daqui uma importante lição: Tudo o que cai na mesmice, rotina, ou parece igual a outros registros, para o nosso cérebro, se torna mais difícil diferenciar no momento de recuperar uma informação em nossos arquivos mentais. Da mesma forma, ao fazer algo diferente dos padrões das aulas ministradas pelos outros professores, Mr Keating ganhou a atenção de seus alunos e facilitou o processo de memorização de suas aulas. Brincar com a sua mente, criando arquivos mentais diferenciados, é uma excelente estratégia de memorização.

“Oh eu, oh vida

Das perguntas sempre iguais

Dos intermináveis comboios de descrentes

Das cidades a abarrotar de idiotas

O que há de bom no meio disto?

Estás aqui

A vida existe e a identidade

A pujante peça continua

E podes contribuir com um verso”

Walt Whitman

Inserir-se no processo criativo de associação para a memorização de dados é uma dica bastante pertinente. A pergunta aqui seria: Memorizamos mais fortemente aquilo que fazemos, ou o que apenas vemos ou lemos? Acredito que todos os leitores dirão que a prática com certeza traz melhores resultados. Curiosamente a psicologia nos diz que para a mente, fazer ou imaginar-se fazendo algo, traz resultados semelhantes. Uma das habilidades mentais do ser humano é construir arquivos de memórias futuras, e esse é um dos recursos que podemos utilizar dentro do processo de memorização.

No início das reuniões na Sociedade os Poetas Mortos, lia-se um poema de Henry David Thoreau:

“Fui para os Bosques viver de livre vontade.

Para sugar todo o Tutano da Vida.

Para aniquilar tudo o que não era vida

e para quando morrer,

não Descobrir que não vivi.”

Vivenciar é uma palavra chave para a memória. Muitos alunos estão acostumados a “decorar” informações para provas. Eu costumo dizer que “decorar” é diferente de “memorizar”. Entende-se hoje o processo de decorar como um processo de repetição mecânica. Funciona, mas apenas temporariamente. Gasta-se um bom tempo com repetições mecânicas, porém a informação costuma durar muito pouco tempo, muitas vezes não dura nem até o momento da prova. Acreditava-se antigamente que o órgão responsável pela memória era o coração, por isso saber de COR (coração – do latim) significa em sua origem “Saber de coração”. No inglês saber algo de memória é “know by heart”. Sabemos hoje que a memória está atrelada a nossa região cerebral, portanto, sabemos também que os sentimentos e emoções, atribuídos romanticamente ao coração, são excelentes filtros que auxiliam na criação de registros de memória com nível de qualidade “top”.

Enfim, encerro este artigo reafirmando a importância da Leitura. Poesia faz bem para a memória. Tudo aquilo que nos provoque a reflexão, estimule a nossa inteligência, e toque os nossos sentimentos e emoções, nos leva a um resultado de aprimoramento neste quesito tão importante para a vida humana.

Portanto, sinta-se desafiado a ler POESIA!

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