Posição política está ligada ao cérebro
Aquela história de que política não se discute já está ultrapassada. Este tema gera debates intermináveis que persistem por horas, justamente porque cada pessoa tem seu ponto de vista, que pode estar relacionado ao tamanho de determinadas regiões do cérebro.
De acordo com pesquisas realizadas na Europa e nos Estados Unidos entre 2008 e 2011, cientistas identificaram duas regiões do cérebro que podem interferir na visão política de cada pessoa. São elas a amígdala cerebral e o córtex cingulado anterior.
Situada no lobo temporal, a amígdala cerebral é fundamental para a autopreservação, ou seja, é o centro detector do perigo, gera sensações de medo e ansiedade e, por isso, está relacionada aos estilos mais conservadores. Nas pessoas politicamente mais conservadoras, esta estrutura é um pouco maior do que nas outras pessoas.
Já o córtex cingulado anterior reconhece as situações em que o autocontrole é necessário e é mais ativo em pessoas que possuem uma posição política mais liberal, pois a quantidade de massa cinzenta é maior.
Para comprovar esta tese, especialistas da Universidade do Arizona fizeram uma pesquisa com republicanos e democratas, questionando a taxa de desemprego nos EUA. Os resultados foram praticamente os mesmos, porém, quando a pergunta foi direcionada ao nível de desemprego durante o governo Obama, as respostas foram completamente opostas. Para os democratas, o desemprego não aumentou, mas para 75% dos republicanos, esse quadro piorou no país.
De acordo com a pesquisa, essa rivalidade acontece por razões evolucionistas, pois a tendência partidária é o resultado de grupos de formação, um processo natural de desumanizar o grupo identificado como “outro”.
Essa pesquisa deixa claro o que está exposto diariamente nas redes sociais, principalmente no Facebook, onde um debate político começa a partir dos comentários, muitas vezes desrespeitosos em relação a opinião do outro. Uma alternativa proposta por professores da Universidade do Texas é criar um botão de “respeitar” nas publicações, para que assim as pessoas comecem a olhar de maneira diferente as opiniões contrárias as suas.
Ser intolerante à opinião do outro é uma atitude que vai contra a ética da sociedade, pois as diversidades existem e devem ser tratadas igualmente. Socializar de maneira justa e equilibrada é uma das agilidades desenvolvidas com a prática da ginástica cerebral.
Para ser mais equilibrado emocionalmente e, assim, melhorar as relações interpessoais, é importante estimular o cérebro, como em uma ginástica cerebral. Atividades lúdicas com jogos de tabuleiro e dinâmicas de grupo desafiadoras, por exemplo, ajudam a aprimorar a capacidade de expressão e autoestima. Durante estas atividades, os jogadores tomam contato com princípios e valores como ética, honestidade, solidariedade, respeito ao próximo e responsabilidade social.
Pode parecer estranho para quem ainda não está familiarizado com a ideia de ginástica cerebral, mas a neurociência já comprovou que o cérebro pode, sim, ser treinado. Este pode ser um bom exercício, embora inusitado, para compreendermos a importância de se respeitar a opinião do outro.
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